Reflexões pessoais sobre internet e a revolução digital
Internet esta provocando uma gigantesca mudança no comportamento das pessoas com desdobramentos no plano cultural, da mídia, da informação e da política, de vasta dimensão.
As novas tecnologias permitem que internet se transforme na principal mídia, englobando televisão, radio e jornais impressos. Os investimentos em publicidade na internet já demonstram esta importância crescente e diversos estudos indicam que eles atingiram rapidamente os 50 bilhões de dólares.
A TV como ela existe ate hoje, vai desaparecer em beneficio de uma multiplicidade de imagens e conteúdos a disposição sobre uma forma interativa. Nos Estados-Unidos os jovens vêm cada vez menos à televisão e passam cada vez mais tempo na internet. Na França os canais de TV, o telefone e internet passam pelo mesmo operador numa assinatura única. Na tela assistimos indistintamente a um filme trazido pela internet ou de um canal de TV, ao mesmo tempo em que lemos e intercambiamos mensagens por escrito ou ao vivo.
O sociólogo francês Jean-Louis Missika em seu livro “La fin de la télévision” (editora Seuil) disse que entramos em um mundo em que a imagem estará onipresente e a mídia ausente; cada vez mais imagens e menos televisão. Ora uma grande diferencia consiste precisamente no caráter da relação entre essas mídias e internet, pois as primeiras repousam sobre uma relação de dominação sobre o espectador ao qual se impõe a programação e, ao contrario, internet cria um espaço maior e deixa autonomia aos indivíduos. Internet permite, além da liberdade quase infinita de escolha, a interação, ausente antes da revolução digital.
Porem, a profusão de informação e sua dispersão, exigirão cada vez mais credibilidade como grande diferencial dentro desta grande mídia “globalizante” e integradora que é internet. Esta credibilidade decorrerá menos da “monopolização” pela grande mídia da difusão da informação, ou exclusivamente do poderio financeiro dos grupos de imprensa, e cada vez mais nitidamente de sua capacidade a estar “em fase” com as aspirações da sociedade e a “veracidade” da informação veiculada.
Em certa medida, apesar da pequena difusão de internet no Brasil, estes elementos influíram na recente disputa eleitoral presidencial quebrando o relativo monopólio da mídia, pelo menos na sua forma escrita, sobre uma parte dos formadores de opinião confrontados ao questionamento via internet do tratamento dado por alguns jornais ao presidente Lula e ao PT. É que as pessoas dispõem agora de instrumentos accessíveis e de fácil utilização que permitem emitir imagem e transmitir informação com capacidade a competir com os grandes veículos atingindo milhares de pessoas. Tudo isto a um custo baixo.
O poder público pode contribuir grandemente a que este processo não gere uma nova forma de apartheid social, o analfabetismo digital. Não só introduzindo internet e o computador na sala de aula, ou generalizando os telecentros nas periferias dos grandes centros urbanos, como fez Marta Suplicy na cidade de São Paulo. A tecnologia permite hoje que cidades inteiras possam ter internet sem fio (via Win-Max, por exemplo) e pode-se pensar em permitir que esse aceso, gratuito ou a um custo mínimo, seja oferecido pelas prefeituras como um serviço aos cidadãos. Isto permitiria também, com a redução dos custos do computador e a generalização de seu uso um salto gigantesco na libertação provocada por este fabuloso instrumento chamado internet.
Luis Favre
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