quarta-feira, 9 de maio de 2007

Turismo é porta de entrada para jovens no mercado de trabalho


A ministra Marta Suplicy enfatizou, nesta terça-feira (8), a necessidade de o setor de bares e restaurantes investir na qualificação profissional. “O turismo pode ser a porta de entrada para a inclusão de muitos jovens no mercado de trabalho”, afirmou ela, durante reunião com a direção da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), no Encontro de Negócios 2007 promovido pela entidade, em São Paulo.


Ela destacou que “a qualificação é um instrumento, de longo prazo, indispensável para o país”. Lembrou também a importância do setor de alimentação fora do lar na geração de empregos, citando estudos do economista Luciano Coutinho, atual presidente do BNDES, que aponta o grande potencial do setor como empregador.


O presidente da Abrasel, Paulo Solmucci, confirmou a relevância do setor na geração de empregos. Segundo ele, são seis milhões de empregos diretos nos serviços de alimentação fora do lar. “A recuperação de renda da população, nos dois últimos anos, tem aumentado ainda mais o nosso otimismo”, disse Solmucci. As empresas representadas pela entidade absorvem hoje 26% do que o brasileiro gasta com alimentação. “A nossa meta é chegar, no médio prazo, a 40%”, revelou.


Durante o encontro com a direção da Abrasel, a ministra Marta também falou da necessidade de o país se preparar para abrigar a Copa do Mundo em 2014. Para isso, lembrou que a viabilidade da pretensão brasileira passa obrigatoriamente por uma boa estrutura de instrumentos e serviços turísticos.


Após a reunião, a ministra do Turismo percorreu os diversos estandes expostos na tradicional feira da Abrasel, direcionada a proprietários, consultores, novos investidores, demais profissionais e empresas do setor de bares e restaurantes, associadas ou não à entidade.


12 comentários:

Anônimo disse...

UM TURISMÓLOGO: NA ARTE DE EXERCITAR A LIBERDADE DO PENSAR

João dos Santos Filho

Ontem, ou antes, de ontem não me recordo de que ano, um amigo muito próximo e estudioso do fenômeno turístico que vive no continente Latino-americano especificamente num país chamado Paraíso Tropical, também conhecido como Terra dos Papagaios me confidenciou uma série de fatos e posso garantir que o mesmo estava totalmente sóbrio e no pleno domínio de suas faculdades mentais.
Guaraci, homem de sol e verão me confidenciou que a ministra do turismo do seu país havia chamado os turismólogo e estudiosos dos grandes centros de investigação para uma conversa, e dito que de hoje em diante lutaria e usaria todo seu peso político junto ao ministério do trabalho para que esse órgão junto a categoria defende-se a regulamentação dos turismólogo. E que seu próprio ministério iria contrapor parecer anterior dado pela diretoria de segmentação, mostrando a importância desse profissional. Ele também disse que a ministra sabia da existência de aproximadamente 700 faculdades de turismo e que existem no mercado 200 mil turismólogo formados, sem qualquer amparo sindical e até trabalhista e dos baixos salários recebidos pela categoria e de sua fraca organização política sindical para poder reivindicar.
Guaraci comentou que a ministra iria agora em diante fazer questão de estar presente na maioria dos congressos e eventos organizados pelas faculdades de turismo para dizer que ela ministra seria uma defensora implacável dos turismólogo e que seu Ministério irá abrir concurso para esse profissional, bem como, desenvolver uma campanha para valorização do bacharel em turismo como elemento fundamental na cadeia produtiva do turismo social. Pois quer dar ao Ministério um espaço marcante para que as classes populares como inclusão social pelo turismo, modificando e ampliando objetivos e estruturas para que formatem programas de incentivo ao turismo doméstico para que seja um direito para todos os brasileiros.
Questionei Guaraci: Será que a ministra sabe que os antigos responsáveis pelo turismo, eram tidos, como intocáveis? Pois não consultavam a verdadeira academia e tratavam o turismólogo com total indiferença e porque para não dizer menosprezo. Quantas vezes nossos alunos foram advertidos e maltratados por ousar a questionar a Política Nacional de Turismo, por não ter espaço para o turismo doméstico. Quantas vezes nós e nossos alunos fomos obrigados a ouvir a imensa parafernália de dados em que o turismo carreou em dólares para a economia brasileira, sem qualquer menção ao impacto entre culturas autóctones e a fúria do Capital. E sabíamos que os dados foram manipulados, fatos omitidos e verdades contadas pela metade. E nada podíamos fazer, pois o cerimonial não permitia o aparte dos participantes. Pergunto será que a sua ministra conseguira traçar outro caminho?
Guaraci me foi enfático e dominou a atmosfera com um discurso afirmando que o histórico político da ministra como um intelectual orgânico na defesa das causas populares e confirmado por sua atuação quando prefeita da terceira maior cidade do mundo demonstra que a mesma saberá ter outro comportamento com os turismólogo e para o turismo brasileiro.
Guaraci me disse que o turismo doméstico será a meninha dos olhos da ministra e mais ainda que o Ministério irá criar uma diretoria para o desenvolvimento do turismo social e que seu titular será turismólogo, obviamente favorável a regulamentação profissional.
Fiquei espantado com atitude assertiva da ministra que demonstra firmes propostas política no campo do turismo e sabe como deve agir para colocar a estrutura do turismo remodelada para atender ao turismo doméstico e colocá-lo no mesmo patamar de importância do turismo receptivo.
Entusiasmado, confessei a Guaraci que o antigo antecessor da sua ministra havia distribuído R$ 24 milhões a entidades privadas sem fins lucrativos, igrejas e sindicatos rurais entre 2003 e 2006 e desses 13 sindicatos beneficiados, 12 são do Estado da base eleitoral do ministro e de seus principais correligionários de partido. E que a Ministra teria de rever de forma profunda os critérios para firmar convênios com o Ministério do Turismo, pois os motivos me parecem mais políticos e não técnicos.
Guaraci riu e me contou que a ministra sabia muito bem onde estava pisando e que sua administração seria transparente e voltada para fortalecer o turismo doméstico. Com isso, coloquei minha drenalina na área de reserva física e mental e continuei a indagar. Será que a ministra sabe... Deixa para lá. E controlei minha ansiedade e dize, vamos dar apoio a sua ministra Guaraci e esperar.

Anônimo disse...

DIRETRIZES PARA A IMPLANTAÇÃO DE UMA POLÍTICA DE TURISMO PARA AS CLASSES POPULARES

João dos Santos Filho


De início esclarecemos que existem duas falhas de marco teórico-ideológico no Plano Nacional do Turismo; a primeira de formatação estrutural em que destacamos o discurso de estilo ufanista explicitado por um conjunto de metas e intenções que se pulverizam em ações emergênciais, descontextualizadas de uma proposta global e efetiva de política pública dirigida para o coletivo da sociedade brasileira. Uma segunda a leitura economicista que domina o entendimento do fenômeno, tornando-o objeto constante de um marketing triunfalista que gravita entorno do imaginário do turismo receptivo como elemento salvatério.
A primeira falha de origem histórica entende o fenômeno turístico como sendo uma atividade exclusivamente destinada às classes mais favorecidas, partindo do pressuposto que só o turismo receptivo e doméstico de elite se constitui como capaz de produzir a mais-valia necessária para manter a reprodução e expansão ampliada do Capital. E que o território nacional possui as verdadeiras condições históricas, naturais, sociais, culturais, detendo a qualidade de melhor povo hospitaleiro do planeta. Essa visão esta presente em quase todo o Plano Nacional de Turismo, como podemos constatar:

Receber bem é o traço marcante do nosso povo. A mistura de nossas raças gerou uma gente alegre, solidária, onde, todos se encontram nas diferenças, num ambiente de convivência pacifica. Somos um país de todos.
O turismo, pela natureza de suas atividades e pela dinâmica de crescimento dos últimos dez anos é o segmento da economia que pode de forma mais completa e de maneira mais rápida os desafios colocados. Especialmente se for levada em conta a capacidade que o turismo tem de interferir nas desigualdades regionais, amenizando-as, visto que, destinos turísticos importantes no Brasil estão localizados em regiões mais pobres, e, pelas vias do turismo, passam a ser visitadas por cidadãos que vêm dos centros mais ricos do país e do mundo

[...] o turismo pode cumprir um papel importante no equilíbrio da balança comercial, com o ingresso de novas divisas, por meio do aumento do fluxo de turistas estrangeiros e da atração de investimentos para a construção de equipamento turísticos.
Por todos esses motivos, já em campanha havíamos assumido o compromisso de criarmos o Ministério do Turismo e de profissionalizarmos a EMBRATUR, voltando o seu foco para a promoção, marketing e o apoio a comercialização do produto turístico brasileiro no mundo. (grifo nosso)

O Plano destaca o novo papel da EMBRATUR como instrumento responsável pelo marketing turístico na divulgação e comercialização do destino Brasil para o mundo. A mídia, o trade e grande parte da estrutura administrativa do Ministério, bem como, os 72 Convention Visitors Bureau existentes marcam parte de suas ações voltadas exclusivamente para o turismo receptivo secundarizando o turismo doméstico.
Se procedermos a uma leitura completa e detalhada dos planos, programas, projetos, normas e leis relativas à atividade turística existente a partir de 1966 percebemos que a arquitetura de seu discurso expressa uma preocupação hegemônica para com o turismo receptivo. Apesar do Plano Nacional do Turismo – 2003 a 2007 afirmar que o turismo:

Ao ser fortalecido internamente pelo exercício contínuo e sistêmico de consumo pela sociedade brasileira, deverá criar as condições desejáveis para a estruturação de uma oferta turística qualificada capaz de atender melhor o mercado internacional.


Essa imprecisão de princípios é uma constante no interior dos diversos e aparentemente diferente planos, mas idênticos em sua essência matricial, ou seja, todos colocam ênfase ao turismo receptivo. Acabam refletindo na prática os equívocos e erros destas políticas que na verdade, são desviantes em relação aos marcos ideológicos do Partido dos Trabalhadores, e o que é pior acabam comprometendo ações, programas e projetos para o desenvolvimento do turismo interno e popular.
Esclarecemos que não somos contra o turismo receptivo, pois este possui uma relativa força econômica para o desenvolvimento do país, o que questionamos de forma enfática é que o marketing só discorre sobre o turismo receptivo em seu aspecto quantitativo secundarizando o turismo doméstico. Os programas, diretrizes e medidas de cunho social estão sufocados por falta de espaço administrativo no Ministério e pessoas que pensem o turismo nacional segundo uma política de Estado voltada para as classes populares.
E sem qualquer receio afirmo que quem teve a sensibilidade para adotar como política social o Centro Educacional Unificado (CEU) como um dos programas de ponta para as classes populares, saberá criar de fato programas e projetos que dêem ao Ministério o espaço de direto para o turismo doméstico.
A ênfase ao turismo receptivo, também pode ser encontrada em 1971, quando o primeiro presidente da EMBRATUR afirma que:

f) finalmente, hipótese indispensável a ser fixada, a divulgação e promoção do Brasil no exterior. A tarefa é de toda a máquina governamental tantos nas áreas estaduais como na federal. Cumpre ser organizado um verdadeiro pool, capaz de lançar a imagem do Brasil como País a ser visitado e conhecido.

Com o discurso que dá prioridade ao turismo receptivo, o Estado no setor de turismo foi comandado, por aqueles que detinham um conhecimento puramente economicista e entendiam do fenômeno pelo prisma empirismo positivista. A lógica era vender a mercadoria turismo para o turista estrangeiro, destacando a quebra de metas (muitas vezes inflacionadas e alteradas em gabinete) divulgadas por meio de um “espetacular” marketing. Recordamos aqui com certa vergonha a publicidade junto aos táxis ingleses sobre o Brasil e os imensos painéis que foram usados para exposições em feiras internacionais em que era destacado o perfil erótico da mulher brasileira.
O turismo nacional foi obrigado a viver de programas criados no interior de gabinetes estrangeiros e nacionais, como foi o caso do religioso e messiânico PNMT que mesmo demonstrando ser ineficaz, e um perfeito embuste promocional personalista orquestrado por uma mídia que custou caro para o erário publico Federal, Estadual e Municipal. Nasceu em 1996, persistiu e morreu em 2003, deixando uma série de descendentes em estado de viúves perpétua e criando uma situação de descrédito junto às cidades que participaram das oficinas.
Nesta perspectiva, podemos arrolar também o programa VAIBRASIL que nasceu do interesse das operadoras, agências, rede hoteleira e o setor da gastronomia para maximinizar seu produto durante a baixa estação, porém não pode de fato ser considerado de fato em um programa destinado para o brasileiro classe C e D, apesar de todo esforço do marketing que “apelou” para a personagem da televisão a diarista Marinete, tentando passar a idéia de um programa popular, como também pode ser percebido pela coordenadora nacional do programa Paula Sanches em entrevista dada a RADIOBRÁS - Agência Brasil em 17 de julho de 2006, que afirma:

[...] o Vai Brasil oferece 29 mil pacotes de até R$ 500, aproximadamente 34 mil pacotes entre R$ 500 a R$ 1.000 e mais de 66 mil entre R$1.000 e R$ 1.500 em todas as regiões do país. Os preços são mais baixos porque as viagens são feitas fora da alta temporada. Uma pessoa que deseja conhecer Brasília e mora em Goiânia, por exemplo, pode ir até a capital do Brasil pela companhia aérea Gol e passar três dias no Nobile Plaza Hotel, tendo incluído um translado do aeroporto até o hotel, um passeio turístico pelas praças, igrejas e pontes e o seguro viagem por R$ 320.

As viagens são programadas pela página do programa na internet www.vaibrasil.com.br. Lá estão cadastradas todas as agências, destinos e as opções de preços de cada pacote. De acordo com Sanches, em um mês de funcionamento do Vai Brasil, o programa recebeu nove mil reservas de viagens. “Essas reservas não são necessariamente para julho, mas são de pessoas que já estão se programando. E isso é muito importante, porque o brasileiro está aprendendo a se programar e a ver que é possível viajar”. (grifo nosso)


È inacreditável, mas é quase impossível manter e preservar o lado científico em nosso artigo, pois o viés irracionalista do discurso de quem trabalha no Ministério do Turismo nos obriga a esclarecer que;
1. Um pacote turístico direcionado para as classes populares tem que estar preocupado com aspecto pedagógico/educativo da viagem e despertar nos turistas nacionais a noção de pertencimento histórico. Pois as questões quanto à qualidade dos serviços de hospedagem, gastronomia e transporte deve ser de responsabilidade do trade e corresponder a um padrão compatível com os custos do pacote que esta oferecendo. O que significa que o elemento balizador para qualquer programa de turismo popular deve ser a questão educacional e cidadã, pois o Estado tem uma responsabilidade social e política nesse setor.
2. Usar do apelo publicitário da diarista Marinete para que o programa tenha a cara de popular e capaz de atender a classe C e D é tão humilhante e preconceituoso. Além do que, Marinetes não possuem telefone e nem computador, por isso nunca iriam acessar o referido programa. Quanto à fala da coordenadora do Programa quando afirma “porque o brasileiro está aprendendo a se programar e a ver que é possível viajar”. Quer dizer que o brasileiro não viaja, não porque seu salário não condiz com a satisfação de suas necessidades, mas porque não sabe se programar, belíssima consciência critica da realidade brasileira. É justamente essas classes que o Estado brasileiro abandonou principalmente após 1964, que hoje temos consciência necessitam de ajuda no resgate de sua cidadania facilitando o reencontro dos mesmos com a brasilidade. Por isso há necessidade de que os programas de turismo para a população pobre sejam de iniciativa e responsabilidade do poder público com a participação da iniciativa privada.

Um outro “O programa EMPREENDETUR é uma iniciativa da ABBTUR Nacional – Associação Brasileira dos Bacharéis de Turismo em parceria com o Ministério do Turismo e SEBRAE Nacional e apoio da Fundação do Banco do Brasil”.
http://www.empreendetur.com.br/default.asp?STCodMenu=10&STCodEstValOrd=2
Para entendimento desse programa que representa a diminuição do espaço publico que é usurpado pela iniciativa privada para beneficio próprio, sugerimos a leitura do texto: Empreendetur e a lógica do empresariamento da máquina estatal: usos e abusos do “bem público” elaborado pelos pesquisadores João dos Santos Filho, Rodrigo Meira Martoni e Luis Carlos Tabet. Acesse http://www.partes.com.br/turismo.asp para ler o artigo.
A segunda falha é aquela de ordem política/conceitual, percebida no interior do Plano Nacional do Turismo, que explicita uma ênfase discursiva de origem economicista em que o empirismo se torna o vetor dos planos e programas. Forçando o ocultamento e muitos casos a negação do entendimento do turismo como um fenômeno que perpassa por todas as instancias da relação humana; cultural, política, educacional, ambiental, ecológica, e econômica.
Essa contração na compreensão racional e histórica conceitual, bem como, o avanço da leitura empirista no entendimento da realidade foi denunciada por Karl Marx em seu clássico e (fantástico) texto “O método da Economia Política”;

Parece que o correto é começar pelo real e pelo concreto, que são a pressuposição prévia e efetiva; assim, em economia, por exemplo, começar-se-ia pela população, que é a base e o sujeito do ato social de produção como um todo. No entanto, graças a uma observação mais atenta, tomamos conhecimento de que isso é falso. A população é uma abstração, se desprezarmos, por exemplo, as classes que a compõem.

A visão economicista domina os discursos sobre o fenômeno do turismo projetando programas de base empirista, em que o pragmatismo vulgar hegemônico assumiu o trato das coisas do turismo. Tornando o Ministério incenssível ao turismo doméstico, que clama por profundas medidas políticas capazes de ativar uma população potencialmente consumidora como os estudantes, os aposentados, os trabalhadores rurais, as empregadas domésticas e todas as categorias assalariadas.

PROPOSTAS DE AÇÃO
• A necessidade de regulamentar a profissão dos Bacharéis em Turismo – turismólogo, pois esta virá estimular uma categoria que luta a trinta e cinco anos para possuir um sindicato forte e ativo na defesa dos interesses profissional e do turismo nacional. Atuando em lutas mais ampla do que só reivindicações as profissionais, mas sim, para que o turismo social, comunitário e de massa ganhe as praças e ruas desse país e reescreva de fato a história do turismo brasileiro;
• Desenvolver uma política de apoio e estimulo ao turismo interno, possibilitando financiamento de hospedarias, pequeno e médio hoteleiro;
• Recuperar junto aos hotéis o estilo da hospitalidade nacional introduzindo a culinária brasileira no atendimento ao turista nacional e estrangeiro.
• Combater os coronéis do turismo que estão grilando terras da costa brasileira que pertencem a União, para posteriormente vender a grupos hoteleiros multinacionais. Isso criou um enorme problema social para com as populações nativas, que são excluídas da área por meio da violência física. Como exemplo concreto do que estamos falando, existe a população do Batoque em Aquiraz - Fortaleça.
• Estudar a liberação do jogo dentro da responsabilidade plena do Estado que aplicaria 100% de seus lucros na área social, para o combate a fome e a criação de empregos;
• Reprimir a pratica turismo sexual com crianças, bem com, os vôos charter que são direcionados para o Brasil com o objetivo da prática sexual. Como detectar esses vôos? Dirigindo-se aos aeroportos do nordeste brasileiro e observando a estrutura criminosa que existe montada a espera do turista estrangeiro (não há necessidade de montar nenhuma operação policial camuflada, pois as estruturas criminosas funcionam abertamente é só observar);
• Desenvolver uma política de pousadas, como forma de ampliar o rendimento familiar do dono da casa, possibilitando um meio de hospedagem acessível para uma população de rendimentos mais modestos.
• Exigir como condição primeira que qualquer complexo turístico a ser instalado no território nacional, treine e prepare a mão de obra local para trabalhar no empreendimento.
• Combater o estilo de vida "fast food" com a riqueza do estilo de vida do Brasileiro, recuperando e reestruturando junto ao complexo turístico as raízes deixadas pelo gentio da terra, pelo africano e europeu;
• Desenvolver um estudo para dividir as férias escolares durante o ano letivo, na busca de facilitar o uso da infra-estrutura turística;
• Desenvolver programas junto aos clubes da melhor idade, para viabilizar viagens turísticas em todo o território nacional;
ENCAMINHAMENTO
Criar junto a Secretaria de Programas de Desenvolvimento do Turismo, uma diretoria ou divisão de turismo social (é aquele em que a iniciativa privada não tem interesse e que o Estado tem o dever de atuar) com o objetivo de subsidiar o deslocamento, hospedagem e gastronomia dessa população de baixa renda.
Estudar junto ao SESC nacional a abertura de seus complexos esportivos e colônias de férias, com o objetivo de desenvolver o turismo social, bem como, fazer uso da rede escolar no período de férias para viabilizar o programa de turismo social.
Trabalhar fortemente junto aos Conselhos Municipais de Turismo, buscando resgatar seu papel político de independência do poder executivo local na defesa dos interesses da comunidade.
Ordenar e limitar a ação do Convention Visitors Bureau diante da Política Nacional do Turismo, pois o que vem ocorrendo na maioria das cidades em que essa estrutura esta presente é que a mesma acaba inibindo a atuação da secretarias municipais, divisão e setores de turismo. Esse processo ocorre em razão das prefeituras entenderem que o Conventions, atua na área do turismo com muito mais agilidade, assim os senhores prefeitos acabam desativando os setores públicos responsáveis pelo turismo.
Isso dificulta cada vez mais a visualização do turismo social, ou seja, distância o turismo como uma política pública e afasta a ação do Estado nesse setor abrindo em demasia a ação do privado sobre o público. Por isso, que a sensibilidade do Ministério para o turismo social era nula e agora começa a esboçar esforços para concretizá-la. Na verdade há necessidade de calibrar o discurso do turismo dentro da ótica do social e fazê-lo uma realidade, criando políticas publicas que faça movimentar uma parcela imensa de brasileiros que desconhecem além de seu bairro.
Esse deve ser o toque do Ministério com a nova ministra, fazer uma ação de inclusão de brasileiros que estão excluídos de sua cultura, de sua sociedade, de sua economia, recupere a cidadania nacional e que o turismo doméstico ganhe importância equivalente ao turismo receptivo.

Anônimo disse...

TRÁFICO DE INFLUÊNCIAS X CPI DO TURISMO


João dos Santos Filho

A corrupção se constitui em um ato de decomposição, apodrecimento e negação daquilo que é consignado em lei como norma ou regra social assentada nos usos e costumes de uma determinada sociedade. Seu aparecimento, existência e persistência se alimentam das relações interpessoais em que os homens constroem as bases de sua sociabilidade, para enfrentar as limitações dos sistemas econômicos e a insaciável ampliação e mundialização do Capital.
Dentro deste entendimento, poucos podem entender, como uma sociedade estruturada em bases democráticas. Quando investigada mostra-se corroída e contaminada pela corrupção em seus três poderes (executivo judiciário e legislativo). Esse processo desacreditador toma conta do senso comum das pessoas que passam a torcer pela prisão dos envolvidos e até a defender o irracionalismo da pena de morte e o rebaixamento da maioridade penal.
Recordo-me que há muitos anos atrás no começo da década de 1970 estávamos nós Cientistas Sociais encurralados pela ideologia militar golpista de 1964, que com apoio da censura aos meus de comunicação, inculcava junto a uma parcela considerável da população a simpatia na defesa da pena de morte, para os chamados “terroristas” e apoio aos militares na luta contra a corrupção e o comunismo. Na verdade havia certo clamor oriundo das classes abastadas na defesa da pena de morte, que começava a ter eco junto às classes populares.
Imediatamente os sociólogos em conjunto com sua associação de classe forçaram uma série de debates contra a pena de morte. E num desses encontros se não me engano, na cidade do Rio de Janeiro, deparamos com a seguinte situação: Estamos em um auditório já lotado de participantes para debater o assunto cuja alternativa discursiva seria contra a instalação da pena de morte no Brasil. Quando de repente, um estudante sobe à plenária e começa a defender a implantação da pena de morte, imediatamente o público começou a vaiar e xingá-lo de fascista. A coordenação do encontro interveio, e solicitou a plenário que o mesmo tivesse garantido seu direito de expressar opinião. Quando o estudante em baixo de ruidosas vaias e palavrões vindos do auditório reafirmou de maneira mais contundente, que era favorável a pena de morte. E maliciosamente completou que sua posição seria favorável se a execução começasse pelo ministro Delfim Neto e terminasse com os ministros militares. Imediatamente o auditório compreendendo o sarcasmo aplaudiu o estudante em pé, obviamente não aprovando a pena de morte, mas sim, pelo começo de uma bela história, pois estávamos falando dos inimigos da sociedade democrática.
Hoje nos deparamos novamente com um movimento irracionalista que brota das classes mais tradicionais na luta pelo rebaixamento a maioridade penal. Em contra partida surge uma sociedade mais politizada que vão as ruas para exigir que o Estado combata a corrupção e crie CPI do turismo.
Que tal começarmos pela Bahiatursa de Paulo Gaudenzi, que foi presidente da Empresa de Turismo da Bahia, por três vezes – 1979-1987, 1991-1996 e 1999-2002, totalizando 16 anos a frente desse órgão, obviamente, que iremos de encontro aos interesses de um conhecido senador que mantêm o controle do Estado por atos de truculência.
Isso me faz relembrar que, em 1997 quando estive em Salvador, ao tomar um táxi, falei brincando para motorista, me leve ao hotel, mas sem passar por avenidas ou ruas que tivessem o nome do clã do senador. O querido baiano retrucou e disse: então é melhor o senhor permanecer no aeroporto, então me senti no papel de Tom Hanks no filme o Terminal. Com muito custo e paciência resolvi deixar de lado esse papel de ator e parti.
No outro dia, já em plena Universidade do Estado da Bahia, para abrir um encontro de turismo percebi que, os professores ao se aproximarem de mim para elogiar o debate que havíamos participado, criticando a Política Nacional de Turismo falavam em voz baixa dizendo que o coronelismo do turismo era uma realidade no Estado da Bahia e que a corrupção corria solta nos órgãos que atua esse seguimento. Imediatamente questionei minha colega de profissão, o porquê da fala baixa e quase às escondidas? Foi aí que ela me relatou o medo de ser perseguida e sofrer atos de violência por parte dos donos do poder.
De volta à cidade de São Paulo para passar o resto de minhas férias, antes de retornar a minha Maringá, fui almoçar com alguns turismólogo e chegamos à conclusão que o tráfico de influências é uma forma de corrupção presente no turismo, foi muito comum na EMBRATUR, por políticos que a usaram na trama de barganhas políticas.
Todos aqueles que desejam um país limpo, democrático, justo e civilizado, devem apoiar a CPI do turismo, pois quem não teme nada perderá, mas sim, ganhará credibilidade e confiança da população e dos turismólogos.

Anônimo disse...

OS BRASILINOS VOLTAM A ATACAR O POVO BRASILEIRO


Quem não se recorda da genial publicação “Um dia na vida de brasilino”, de Paulo Guilherme Martins, escrita em outubro de 1961, e que, de forma inteligente, sutil e de profundo sarcasmo político denunciava a exploração imperialista no Brasil. Censurada em 1964, era considerada pelos gorilas do golpe militar como “O manifesto comunista Tupiniquim”.
Brasilinos voltam à cena política. Agora mais refinada ainda, dizem nada saber, eunucos de profissão, cegos pela catarata da corrupção e surdos por problemas de genética política. Atuam nas esferas de poder sem qualquer embaraço e, com extrema intimidade com os compassos, estética e ritmos da máquina do Estado, verdadeiros ilusionistas no trato do dinheiro público e em defesa dos interesses privados.
Esse é o brasilino contemporâneo, que deixou de ser o inocente romântico da década de 1960, para ser um bandido profissional na década de 1980, que completa seus rendimentos graças às emendas parlamentares, aceita e cobra o recebimento de mimos, intermedia contatos, ou seja, pratica o tráfico de influências, foge do telefone como o Diabo da cruz e convive encastelado com o poder.
Não por é acaso, que a sociedade e o trade turístico presenciam acontecimentos hilariantes, tais como:
• Emerson Palmieri - acusado de participar do mensalão: Foi diretor de Administração e Finanças da Empresa Brasileira de Turismo (EMBRATUR) na gestão de Eduardo Sanovicz;
• Cláudio Contijo - lobista da construtora Mendes Junior que intermediou a multiplicação dos recursos financeiros para pagar pensão alimentícia à jornalista Mônica Veloso a pedido do presidente do Congresso: Foi diretor de Marketing EMBRATUR em 1992.
Os órgãos oficiais do turismo não podem ficar manchados por respingos da marola da corrupção passada, e nem presente, principalmente no governo Lula. Nem a EMBRATUR, pelo corpo técnico competentíssimo que sempre esteve à frente do fato turístico. Historicamente foi objeto de uso maldoso e acabou obrigada a desenvolver funções estranhas por parte de curiosos que se apossaram da entidade.
Solicitamos à ministra do Turismo, companheira Marta Suplicy, que sempre teve uma conduta ética e moral inquestionável na vida pública, construída por meio de cargos eletivos e pelo seu acercamento a profissionais competentes, capazes de formatar políticas públicas de inclusão social: proceda levantamentos quanto :
1. A situação dos Escritórios Brasileiros de Turismo no Exterior:
a) Como foram contratados os funcionários, por concurso ou indicação?
b) Na realidade qual é o fluxo de pessoas que procuram os escritórios?
c) Quais as funções dos mesmos? Elas não são paralelas às atividades da representação diplomática (embaixada e consulados) brasileira nos países as quais estão instaladas?
d) De qual a rubrica do orçamento vem o dinheiro para o pagamento de salários e despesas gerais dos escritórios?
e) Existe algum grau de parentesco dos funcionários - antigos ou atuais - ocupantes de cargos de direção na EMBRATUR?
f) Qual salário do responsável pelo escritório?
g) Existe algum projeto de metas a serem atingidas pelos escritórios, que se propõe a quantificar seu fluxo de atendimento cruzado com a qualidade dos serviços?
h) Há alguma forma de nepotismo nos quadros da EMBRATUR?

2. A situação do setor de Marketing: quanto à produção, quem produz, o que produz, pois estamos há tempo tentando conhecer O case “Gestão dos Escritórios Brasileiros de Turismo no Exterior” , com o qual a EMBRATUR conquistou um prêmio no concurso promovido pelo ENAP. Todavia, até hoje não conseguimos nenhum exemplar do material que obrigatoriamente tem que ter sido documentado. Perguntamos: por que tanto mistério com um documento público?
3. Promova uma análise técnica do destino das verbas para projetos turísticos, pois o que há, na verdade, é uma falta total de critérios, o que podemos deduzir que o atendimento político se sobrepõe aos interesses de uma Política Nacional de Turismo.

Na verdade, essas são algumas das questões que nos obrigam a cobrar transparência nos atos públicos para que possamos preservar aquilo que a EMBRATUR tem de melhor, bem como, a sua função de captação de eventos e a qualidade de seus funcionários, que sempre estiveram na luta pelo turismo e no combate aos brasilinos que, hoje ainda, rondam os poderes da República brasileira.
Caso seja possível, gostaria de pedir a EMBRATUR as seguintes publicações:
a) O case “Gestão dos Escritórios Brasileiros de Turismo no Exterior”;
b) O livro da exposição dos 40 anos;
c) O Plano Nacional do Turismo: Viajando na inclusão 2007 a 2010.

Por entender que serei contemplado com as publicações acima listadas, mando meu endereço:
João dos Santos Filho
Av. Guedner 948 casa 3
Jardim Aclimação
CEP: 87050-390
Maringá Paraná

Anônimo disse...

PAVOR, TERROR E ASSASSINATO NO ACUMULO DE CAPITAL

João dos Santos Filho
V – Última verba
1. Eu sou o Capital, o rei do mundo.
2. Caminho escoltado pela mentira, pela inveja, pela avareza, pela trapaça e pelo assassínio. Levo a divisão à família e a guerra à cidade. Por toda a parte por onde passo semeio o ódio, o desespero, a miséria e as doenças.
3. Sou o Deus implacável. Regozijo-me no meio das discórdias e dos sofrimentos. Torturo os assalariados e não poupo os capitalistas meus eleitos. (LAFARGUE, Paul. O Direito à preguiça e outros textos. 1977 p. 188)


Iniciamos esse artigo com as falas do médico cubano Paul Lafargue, genro de Karl Marx e militante do partido socialista francês, por entender que o mesmo em um dos seus inteligentes escritos expressa uma atualidade para o entendimento da tragédia do vôo 3054 da TAM.
Gostaríamos de esclarecer que partimos do pressuposto de que a culpabilidade da tragédia que matou mais de 200 cidadãos brasileiros, bem como, a crise aérea pelo que o Estado brasileiro vem passando é decorrente de uma soma de variáveis que estão ligadas de forma hegemônica e determinante a dimensão dos interesses econômico do Capital que se sobrepõe aos da preservação da vida humana. Nesse sentido, entendemos que existem culpados que estão a serviço do Capital e tornam-se servos, cegos, surdos e algumas vezes mudos diante da necessidade de ampliar a mais-valia na defesa dos poderosos interesses econômicos.
Por isso, devemos entender que a lógica para encontrar os responsáveis pela tragédia, está além da personificação jurídica de indivíduos, só assim podemos entender o problema por meio de uma atitude crítica e fazer encaminhamentos para resoluções. Portanto, gostaríamos de discutir a questão por um ângulo ainda não abordado em sua plenitude, apesar de alguns escritos e falas mencionarem a questão de forma secundária.
Vamos iniciar com algumas indagações que se respondidas sempre levam ao mesmo responsável pela tragédia, o Capital, traduzido por inúmeros interesses econômicos, então podemos lançar as seguintes perguntas:
1. Que interesses levaram a prefeitura de São Paulo a permitir a construção de prédios, alterando a lei de zoneamento no perímetro do espaço aéreo de Congonhas?
2. Que motivos levaram a Infraero a liberar a pista de Congonhas, sem estar completamente concluída?
3. Que motivos levaram ao Estado a punir os sargentos Wellington Rodrigues e Carlos Trifilio, por quebra da disciplina militar ou por promoverem greve, por melhores condições de trabalho e salário?
4. Que motivos levaram no dia 17 de julho, minutos antes do trágico acidente, os controladores de vôo a propor fechar o aeroporto de Congonhas, devido aos problemas na pista e não foram ouvidos?
5. Quem tem interesse na privatização da Infraero como solução para o caos aéreo brasileiro?
6. Por que as empresas aéreas estão atuando no limite máximo da super utilização das aeronaves buscando a maximização de lucros rápidos e reestruturando rotas e regras de vôo que priorizam os interesses puramente comerciais?
7. Por que o ministro Waldir Pires teria dito que a ANAC representa o Estado e tem que impor às empresas aéreas a redistribuição das rotas, enquadrando-as naquilo que foi acordado pelo Estado?
8. Que interesses são defendidos pela ANAC, os públicos ou privados?
9. Por que Infraero e a FAB estariam indiretamente tentando isolar a ANAC das discussões sobre a crise aérea no país?

Todas essas questões devem ser respondidas em sua especificidade, pois em sua universalidade sabemos que o determinante é o interesse econômico. È aí que poderemos encontrar os responsáveis por esses assassinatos e colocá-los na cadeia.
Apesar de que, em tempos de tristeza somos obrigados a presenciar absurdos de pura irracionalidade em que não sabemos até agora qual foi à intenção desses representantes do Estado em conceder a medalha "Mérito Santos Dumont" a dois dirigentes da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), órgão responsável por regulamentar e fiscalizar a aviação civil no Brasil e a adotar medidas que atendam ao interesse público. Os agraciados com a homenagem foram o presidente da agência, Milton Zuanazzi, e a diretora Denise Abreu que estão no alvo da mídia e sendo investigados pela CPI do apagão.
Para completar, o assessor especial da presidência da República para assuntos internacionais o professor Marco Aurélio Garcia foi flagrado “festejando” com a notícia que a falha que causou o acidente era da aeronave. Com gestos obscenos e com total desrespeito as vítimas o velho militante do diretório do Partido dos Trabalhadores da Vila Olímpia em vez de guardar luto, desrespeitou a essência da sociabilidade da vida. Por esse motivo, a Comissão de Ética Pública, órgão que assessora o presidente da República decidiu analisar o caso.
Na verdade uma coisa fica mais do que explicita a determinação econômica é patente, a vida humana esta ao sabor dos grupos econômicos que aplicam livremente o overbook, cancelam vôos, não dão atendimento aos passageiros, utilizam aviões com problemas técnicos, censuram trabalhadores e obrigam pilotos a extrapolarem às 85 horas de vôos por mês.
Nesse sentido, cabe a nós exigir a punição dos responsáveis e não esquecer que infelizmente os interesses econômicos corrompem os princípios básicos da existência humana e tornam o ser humano uma simples mercadoria. Pois, o Capital transforma tudo em mercadoria, comercializando vidas humanas e atribuindo valores materiais para a perda da mercadoria -ser humano- ou descartando-a para reposição.
Desejo imensamente que os parentes das vítimas do vôo 3054, consigam justiça perante o tribunal dos homens e que os mártires dessa tragédia nunca sejam esquecidos, pois os mesmos como nós lutavam por uma causa, manter a vida.

Anônimo disse...

NA DEFESA DE UM AMIGO E DE NÓS COMUNISTAS


João dos Santos Filho

[...] no hay ninguna ideologia “inocente”. No la hay en ningún sentido, pero sobre todo en relación ... muy especial en lo que se refere cabalmente al sentido filosófico: la actitud favorable o contraria a la razón decide, al mismo tiempo, en cuanto a la esencia de una filosofia como tal filosofia, en cuanto a la misión que está llamada a cumplir en el desarrolo social. Entre otras razones, porque la razón misma no es ni puede ser algo que flota por encima del desarrollo social, algo neutral o imparcial, sino que refleja siempre el carácter racional ( o irracional) ... ( LUKÁCS. El Asalto a la Razon. 1972, p.4 e 5 )

Em uma das passagens da literatura marxiana via Georg Lukács evidencia-se que uma das premissas fundante é a preocupação com os vivos e não com os mortos, essa é base do pensamento histórico dialético materialista, no combate constante para desmascarar as tendências reacionárias de base idealista e irracional. Isso nos faz recordar o nosso saudoso professor que em seguida se tornou grande amigo Florestan Fernandes que lutava valentemente na defesa dos professores de esquerda, progressistas e até liberais da Universidade de São Paulo, afirmando em carta aos militares em nove de setembro de 1964, escreve:

Não somos um bando de malfeitores. Nem a ética universitária nos permitiria converter o ensino em fonte de pregação político-partidária. Os que exploram meios ilícitos de enriquecimento e de aumento de poder afastam-se cuidadosa e sabidamente da área do ensino (especialmente do ensino superior).

Portanto, estimado amigo professor João Quartim de Moraes tens apoio para combater todas as pessoas que por fraqueza intelectual, tem na intolerância seu pressuposto balizado no seu contraponto  o comportamento do medo, em que alguém ou algo pode produzir aos indivíduos, seja por meio de uma atitude ameaçadora de expressão simbólica e / ou até material para uma pessoa ou grupo social.
Ser comunista, marxista e escritor da história da esquerda brasileira são qualidades de um intelectual ímpar. Ser distinguido como diferente é não compartilhar das mesmas opiniões e atitudes de consenso, fundadas nos valores e normas de uma determinada organização social, ou ainda, enxergar a possibilidade de mudança na perspectiva de subverter à lógica da ordem tradicional e rotineira é uma virtude presente em poucos intelectuais de qualidade nesse país.
Isso produz uma reação adversa de repulsa, hostilidade e animosidade da sociedade ou das classes sociais para com os indivíduos, a chamada intolerância dos imbecis e covardes que preservam a todo custo o pensamento de direita.
Por isso, caro Quartim a atitude fascista e anticomunista do senhor Olavo de Carvalho se constitui em um ladrar naquilo que há de mais podre do animalaço, expressão dos irracionais.
O processo de intolerância comum no pensamento de direita aparece e está empiricamente constituído em sociedades em que o aparelho de Estado “legalmente constituído” ou não, faz uso sistemático de instrumentos materiais ou ideológicos de repressão em todo o movimento de historia da humanidade.
Da utilização do osso de um animal, como o primeiro instrumento para aumentar a força da mão humana passando pelo uso da madeira, bronze, ferro e aço até chegar aos materiais da fase aeroespacial. O trabalho aparece como a categoria explicativa dessa evolução, pois é por meio dele que os homens produzem os instrumentos responsáveis pela intolerância.
A sociedade aprimora seus instrumentos de combate à intolerância como as bombas de efeito moral, instrumentos de tortura e produtos químicos e propagandas de base subliminar que expressam o racismo, a inferioridade, a desclassificação social e o preconceito em todos os campos da sociedade e o anticomunismo.
Como escreve Engels em seu clássico texto o trabalho é o elemento explicativo da transformação do macaco em homem, e por ele pode ser usado também para manter e aprofundar a dominação de classe:

Resumindo: só o que podem fazer os animais é utilizar a natureza e modificá-la pelo mero fato de sua presença nela. O homem, ao contrário, modifica a natureza e a obriga a servir-lhe, domina-a. E aí está, em última análise, a diferença essencial entre o homem e os demais animais, diferença que, mais uma vez, resulta do trabalho.

Esse processo se configura em um problema que se compõe junto à lógica da reificação em que os homens inculcam a explicação dada historicamente pela classe dominante, acreditando em sua diferença, como resultado de atributos genéticos, físicos e intelectuais. Essa pseudociência teve guarida em todos os momentos em que o Capital necessitava gerir novos ciclos de acumulação, necessitando ampliar e estender sua base de exploração.
Para entendermos o movimento de intolerância é necessário estudá-lo no patamar da crise estrutural do Capital, pois o mesmo só ocorre em razão do seu desenvolvimento, por meio do mecanismo em que:

A dissociação entre realidade e pensamento, nesse universo, atinge nos dias em curso extremos sem precedentes, cuja medida só pode ser sondada na própria radicalidade da entre a crise estrutural do capital e a asserção de sua eternidade pela representação ideal.


Portanto, o fato da existência da intolerância se deve a uma condição de desconforto físico e ou mental sentida pelo outro, na qual pode vir expressa em variadas formas de preconceitos; literários com a censura presente a determinados livros ou temática; religioso com a proibição do culto a diferentes e ritos; racial com a perseguição a diferentes etnias e suas lutas históricas; político em que as classes abastadas utilizam-se do Estado para impor seus interesses; de classe, em que a diferença pode vir expressa pela cor, status social, a crença em raças inferiores ou problemas genéticos.
Para podermos entender o mundo do preconceito, da intolerância e da diferença que palmilha a história da humanidade e principalmente a brasileira, temos que compreender o sistema capitalista em sua fonte geradora, o Capital. Pois o pressuposto básico que o assegura dentro desta perspectiva a existência e persistência da intolerância na sociedade como uma das características de transmutação do capital.
A intolerância entendida nessa visão permite a compreensão de sua materialidade, quando nos deparamos com a existência de vários instrumentos de tortura que os homens fabricaram como forma de conter, amansar, domesticar, dominar e evangelizar o outro. Esses equipamentos surgem no interior do desenvolvimento das forças produtivas, em virtude da necessidade de manter uma mão de obra obediente e submissa aos interesses do capital, a necessidade da acumulação vai exigir que a força de trabalho esteja atuando em condições máximas de sua força como mão de obra.
Nesse momento, a sociedade capitalista para poder manter sua exclusividade aprimora os mecanismos de persuasão com o objetivo de administrar a intolerância. Essa expressão de materialidade serve para manter as várias etapas de intolerância, que vão surgir desde o primeiro encontro entre colonizadores (exploradores) e população nativa.
Por isso Quartim, as ditaduras podem ter morrido, mas os ditadores permanecem na fila de espera para entrar em cena, como foi o caso da agressão perpetuado a sua pessoa pela escoria da direita vil que agrediu a intelectualidade progressista Brasileira.

Anônimo disse...

27 DE SETEMBRO DIA DO TURISMÓLOGO: FESTEJAR OU ORGANIZAR?
"A LÓGICA DA CONSCIÊNCIA DE CLASSE"

... A perspectiva do Manifesto do Partido Comunista. Ainda hoje, ela é a que melhor permite explicar sociologicamente a formação e o desenvolvimento dos proletários como classe em si e a que melhor coloca objetivamente as tarefas políticas das classes trabalhadoras na luta de classe. Não é nem uma perspectiva "envelhecida" ou "superada", historicamente, pois as classes não desapareceram e tampouco, a luta de classes deixou de existir. (Florestan Fernandes, 1987, p.137 e 138).


O termo turismólogo surge em meados da década de 1970, com o objetivo de categorizar uma formação acadêmica específica que começava a ser gestada cientificamente no interior das faculdades de turismo existentes em São Paulo.
O primeiro curso, foi decorrente do pioneirismo da Faculdade Morumbi, atual Universidade Anhembi-Morumbi, no ano de 1971. E em 1972, surge também, o segundo curso de turismo no Brasil na Faculdade Ibero-Americana de Letras e Ciências Humanas, atual Centro Universitário Ibero-Americano/UNICENTRO. Essas duas entidades educacionais situam-se na vanguarda do ensino, pesquisa e extensão do turismo, apesar de terem começado tímidas, em virtude dos recursos humanos, metodologia e conteúdos pedagógicos pouco claros e em sua maioria importados da Espanha, desenvolveram dentro do possível um trabalho extremamente pioneiro no campo do estudo do fenômeno turístico.
Cabe ressaltar que o fenômeno do turismo só vai ser visto epistemologicamente como mais próximo de nossa realidade e cercado como objeto de estudo acadêmico e científico com a criação em 1973 do curso de turismo na Universidade de São Paulo  Escola de Comunicações e Artes  USP/ECA.
Nesse caso, não poderíamos deixar de citar alguns professores e funcionários que foram visionários, pois estavam preocupados em estudar a atividade turística nacional como uma atividade que fosse além do tecnicismo instrumental no campo educacional. Aos funcionários que comandaram e ainda comandam o indispensável apoio administrativo sem o qual não poderíamos avançar no estudo do fenômeno estão: Izete Aparecida Martins, Célia Portugal Matta, ambas fundamentais nesse processo histórico.
Dos professores podemos pontuar com muito orgulho: Mário Carlos Beni, o pioneiro de todos e que se aventurou a aprofundar o estudo do turismo nacional e a questionar a inexistência de uma "política nacional de turismo”. Sarah S. Bacal, Walter Rodrigues da Silva, Waldir Ferreira, Maria Fernanda F. Luis, Victor Ruiti Kiyohara, Olga Tulik, Sarah C. Da Via. Todos com contribuições em seus campos e preocupados com o ensino e o estudo científico do turismo.
Destacamos aqueles que são resultados do esforço dos primeiros mestres: Mirian Rejowski que desenvolveu um trabalho ímpar e extremamente importante para o avanço da ciência do turismo caracterizando a produção científica no Brasil nesse campo. A Paulo Salles de Oliveira, brilhante intérprete das obras de Joffre Dumazedier e o melhor estudioso do lazer no Brasil.
Entretanto, a década de 1970 ficou marcada como um dos momentos mais sangrentos da política brasileira, período extremamente conturbado no jogo das liberdades democráticas e da expressão. A imposição de uma universalidade plasmada pela ideologia da Escola Superior de Guerra (ESQ) possibilitou à ditadura militar desmontar e massacrar parte do movimento estudantil e sindical. Mascarando uma realidade cruel em que o seqüestro, prisão, tortura e a eliminação física eram práticas de uma política de apoio aos "democráticos" norte-americanos e uma repulsa aos comunistas chamados de inimigos da democracia.
Banalizou-se o congresso nacional instrumentalizando-o para atender aos interesses de políticos ligados aos coronéis da terra e testas de ferro a serviço das multinacionais. Segundo o antropólogo e escritor Darcy Ribeiro sobre esse período, afirma:

Com a industrialização substitutiva, através da implantação de grandes fábricas das multinacionais, muda de imagem. Começa a ser vista pelo país como a grande bomba de sucção que nos sangra, para carrear lucros para o estrangeiro.


Nesse meio surge o turismo como um curso novo para os empresários da educação que o enxergaram como exótico e bom de mercado, capaz de arrebanhar um contingente constituído de profissionais de várias áreas que atuavam no amplo campo do turismo; jovens ligados a aventuras, induzidos e dispostos depois de formados a viver em outro país em virtude das condições de vida e da repressão dos militares; pessoas com idade acima de 30 anos que pretendiam atuar em outro campo e senhoras que desejavam pôr um fim em sua ociosidade de damas do lar e que já eram objeto dos movimentos feministas que começavam a se manifestar. Esses fatores vieram a contribuir para que o curso de turismo fosse uma das graduações mais procuradas e disputadas até hoje.
Porém, outros motivos que nunca foram verdadeiramente explicitados nos escritos da época, mas sentidos por um grupo de professores e alunos mais críticos necessitam ser avaliado. Quais as verdadeiras razões políticas e ideológicas que levaram o governo Federal a criar a Empresa Brasileira de Turismo  EMBRATUR, por meio do decreto  lei n.55 de 18 de novembro de 1966 ainda não foram totalmente estudados e documentos oficiais não foram liberados.
Quando fazemos a afirmação, que há outros motivos que levaram a criação da Embratur, podemos estendê-la aos cursos de turismo no Brasil, por uma questão de honestidade científica e acadêmica, vamos arrolar e refletir primeiramente os motivos já conhecidos:
• A existência do antigo e arcaico Conselho Federal de Educação que em "... resolução s/n de 28/01/71... fixou o conteúdo mínimo e a duração do curso superior de turismo”.( Matias, 2002, p.4).Tornou o curso objeto de disputa de representantes de dois campos do saber, pois conselheiros e políticos usaram de várias artimanhas para inserir o curso de turismo junto às faculdades de Administração de Empresas e de Educação Física. Segundo a turismóloga, professora e escritora Marlene Matias essa idéia foi abandonada, mas sou obrigado a discordar, pois essas intenções ainda aparecem com modulações variadas dentro e fora da categoria.
Os professores de Educação Física derivam para si com todo direito às atividades de ensino do lazer tanto no campo da teoria como na prática, porém, muitos advogam a propriedade exclusiva dos conteúdos do lazer principalmente no que se refere ao estudo ontológico e histórico. O que me parece extremamente questionável, pois para estudarmos o tempo livre, ócio, lazer e turismo, começamos como Karl Marx que por meio de duas de suas obras Dos Grundrisse e O Capital discutem o tempo de trabalho. Paul Lafargue em seu livro de 1880 O direito à preguiça que traça um panorama universal da exploração do sistema capitalista sobre a humanidade, destacando o direito ao ócio dessas classes. Joffre Dumazedier com seus estudos pioneiros de tonalidade marxista, discutindo o fenômeno do lazer como atividade extremamente educacional junto à população trabalhadora. Domenico Demasi, sociólogo de formação weberiana, consegue mostrar a necessidade do governo em financiar a empresa privada para que o trabalhador usufrua o lazer. O Estado aparece como mediador e agente financeiro para que o trabalhador usufrua o lazer e turismo. Filósofos, médicos, sociólogos que sinalizaram as raízes históricas do turismo e seus componentes, portanto a contribuição dada aparece no campo da epistemologia da ciência e não no campo exclusivo das ciências da Educação Física ou da ciência da Administração.
• O país estava vivendo o chamado por alguns de milagre brasileiro em que os índices de crescimento da economia batiam recordes mundiais. Porém, o aumento da miséria social e o abandono das riquezas da nação permitiram a rápida desnacionalização da economia e a internacionalização territorial e ideológica da vida Brasilis. A quantidade de miseráveis e o rebaixamento do padrão de vida do povo levaram o Brasil a ser campeão no rancking mundial como uns dos países com pior qualidade de vida.
Esse fato afeta de forma direta os cursos e as faculdades particulares que viram seus investimentos serem corroídos pela situação de inadimplência dos estudantes e a econômica ser corroída pela inflação. Segundo Marlene Matias:

Nos primeiros anos de funcionamento do curso superior de turismo, houve uma demanda muito grande pelo mesmo, especialmente em São Paulo, o que desapertou o interesse de empresários da educação a investirem na abertura de outros cursos (...). Mas, a partir de 1976, ocorre uma queda sensível no número de ingressantes devido a uma série de fatores socioeconômicos .


Entretanto, não podemos esquecer que foi nesse período que ressurgiu com maior intenção a idéia de passar as vagas dos cursos de turismo para os cursos de administração. Essa lógica permaneceu ameaçadora até 1984, quando os turismólogos conseguiram de fato afastar os interesses escusos de donos de faculdades e do próprio Conselho Federal de Administração, pois essa atendia a dois fatores:
1. Tentativa desesperada para reerguer mercadologicamente os cursos de administração que começavam a apresentar um declínio na demanda, necessitando ampliar o leque das ênfases oferecido pelo mesmo;
2. Incorporar o curso de turismo ao curso de administração, descaraterizando por completo a futura ciência do turismo e capitalizando o fenômeno para dentro do vasto campo da administração.
• Com relação ao corpo docente necessário para manter os primeiros cursos de turismo, houve pela UNIBERO a importação de alguns professores da Espanha que junto com professores da USP, conseguiram conviver e criar uma tipologia própria de conteúdo pedagógico, mesclando o fenômeno do turismo com a realidade brasileira.
Professores estrangeiros foram orientados sobre a realidade brasileira, professores brasileiros da USP com algumas exceções foram extremamente progressistas e mais que possa parecer paradoxal eram de esquerda, trazendo ao curso ares mais abertos e críticos com uma competência que hoje nos cursos aparece cada vez mais escassa.
• A falta de informação do curso para o aluno e a expectativa difusa sobre o que ele iria encontrar e qual a dimensão do mercado de trabalho. Tudo era uma novidade, o mercado turístico seguia as regras dos interesses do Capital, nada se planejava, nada se organizava, pois para tudo e para todos estava o interesse e necessidades do turista e a da acumulação rápida da mais-valia. Turismo era sinônimo de viagem e entendido como uma atividade eminentemente técnica. o interessante é que assim enxergava e enxerga a Embratur quando propõe em 1981, um currículo mínimo exclusivamente técnico:

A) Matérias Básicas
• Matemática;
• Estatística;
• Contabilidade;
• Teoria Econômica;
• Metodologia Científica;
• Planejamento e Organização do turismo;
• Legislação Aplicada;
• Mercadologia;
• Psicologia.

b) Habilitações Alternativas
1ª Opção  Hotelaria
• Organização Hoteleira e Técnicas Operacionais;
• Administração Financeira e Orçamento;
• Mercadologia Aplicada;
• Prática  Estágio.

2ª Opção  Agenciamento e transporte
• Produção e Organização de Serviços Turísticos;
• Administração Aplicada;
• Administração Financeira e Orçamento;
• Mercadologia;
• Prática  Estágio.

3ª Opção  Planejamento
• Sociologia;
• Organização de turismo Interno e Externo;
• Infra-estrutura Turística;
• Equipamento Turístico;
• Elaboração e Análise de projetos;
• Prática  Estágio.

Se compararmos esse currículo com a proposta da ABBTUR, percebemos o tecnicismo que dominava e continua presente na Embratur, preocupada em atender o mercado, para que as universidades e faculdades formem "a mão-de-obra", montem um aluno dentro dos padrões de qualidade total, no qual o importante é sua funcionalidade, esmero e atendimento segundo os interesses do turista. Esse adestramento dentro dos padrões do tecnólogo, secundariza, oculta, inibe, dessistimula a consciência crítica e empobrece a visão de cidadania permitindo a formação de um turismólogo despolitizado.

• No início do curso com uma bibliografia nacional inexistente, os livros traduzidos configuravam realidades diferentes e muitos de duvidosa qualidade acadêmica. Hoje com uma publicação editorial nacional significativa que em qualidade ultrapassa a visão tecnicista, mas que insiste em apresentar uma leitura despolitizada da realidade, em que as funções do profissional são de sua inteira responsabilidade. Ocultando-se a situação do mercado de trabalho, colocando-a como se a mesma fosse culpa do profissional.
Diante desses fatos, podemos afirmar que os cursos de turismo implantados desde 1971 até o presente, mostraram avanços significativos, graças às lutas dos estudantes, turismólogos e profissionais de outras áreas que dedicaram suas vidas a pensar e entender o fenômeno turístico. Mesmo sendo objeto de comentários e piadas por parte de alguns de nossos pares, as pessoas que agiram como pioneiros no estudo do turismo foram exemplares, pois enfrentaram preconceitos, ganharam respeitabilidade e ajudaram a criar um arcabouço teórico-metodológico próprio e nacional, comparado aos dos intelectuais do México e da França.
Com uma realidade histórica, exclusiva e ímpar na América Latina, em que etnias se mesclaram e se modificaram, nossa realidade exige o resgate do sensocrítico e de um estudo voltado à América Latina, pois hoje descobrimos mais do que nunca que somos latino-americanos e não americanos ou europeus.



OS DISCURSOS ALHEIOS AOS INTERESSES DA CATEGORIA
As falas do neoliberalismo diante do turismólogo

O processo no qual o sistema capitalista navega na atualidade configura-se em um movimento anti-dialético, portanto, não histórico, cuja tentativa é minimizar a leitura das contradições existentes na sociedade. Essa intenção só pode ser percebida e pensada quando desvendamos os mecanismos que buscam retardar a organização política sindical da sociedade civil, pois o desprezo pelo político não se limita ao processo partidário, mas sim, a tudo que se refere a atos e intenções relacionadas às formas de como se traduz a organização da categoria trabalho como fato que permite aos homens sinalizar, codificar e regularizar juridicamente seu espaço profissional.
Entendendo a sociedade como palco da luta de classes, nada pode ser mais nefasto do que os discursos e falas despolitizantes:

... "emburguesamento", trabalha pela despolitização, provocando um descrédito na vida política e nos políticos em geral.
Os sindicatos e as associações perdem sua força de barganha, são hostilizados e ridicularizados pela sociedade e por seus próprios filiados, que acreditam que houve um esgotamento da luta de classes...
A lógica é a negação da política e a adoração dos pensamentos livres, abertos, naturais e descomprometidos de qualquer objetivação teórico-filosófica, portanto, de tonalidade irracionalista. Este é o jogo da despolitização.


Esse movimento de negação da história aparece em virtude de nossa formação Cartesiana muito presente no pensamento da humanidade que se traduz dentro do seio de setores da academia que trabalham no sentido da volta de um purismo escolástico que acredita na neutralidade, pois parte do pressuposto que o sistema capitalista caminha para um redirecionamento inevitável de rumo no qual nossa atitude seria aderir ao seu modelo sem buscar as determinações, pois não devemos e não podemos pensar em modificá-las.
Esse entendimento, muito próprio dos neoliberais que pensam o fenômeno turístico de forma idealista buscando acreditar no equilíbrio e harmonia que deve ancorar o turismo sustentável, professam que:
1. A globalização para o turismo se constitui em uma solução para seu crescimento. Esse pensamento de base economicista está preocupado com a entrada de recursos econômicos, entendendo a transformação dos homens em simples mercadoria. Esse processo limita e embota a processualidade histórica, como brilhantemente comenta a professora Marutschka, quando diz:

... o tratamento reducionista dado ao objeto turístico. Boa parte destas análises ora o enfoca sob a égide economicista como uma atividade apenas econômica, ora sob a ótica sistêmica, tratando-o como um sub-sistema.

Os fatos errôneos dessa visão leva-nos a termos de lutar dentro e fora da academia contra aqueles que acreditam nas "boas" intenções do capitalismo para com o turismo. Bondosos idealistas se instalaram nas galerias do saber e desenharam um fenômeno turístico acritico, sustentável e desenvolveram programas modelares para o país, como forma de conscientizar a diversidade cultural por meio de um modelo estrangeiro que não atende às nossas peculiaridades de país continental.
Para nós que importamos dos Estados Unidos as bases do ensino superior no período do golpe militar por meio dos acordos MecUsaid e que fomos obrigados a suportar o fascismo desse governo, com seus aconselhamentos de civismo, moral e patriotismo impostos pelo ensino da escola militar dos americanos. Nada mais temeroso do que ter que ouvir a volta desses por meio da comédia que certamente virará tragédia, como bem alerta Karl Marx em seu livro A Ideologia Alemã.
Tragédia é omitir os erros, limites e simplificações desses programas oficiais que apelam para o voluntariado e acabam excluindo o turismólogo e criando uma casta de treineiros pagos pela Embratur ou prefeituras que se vêem obrigadas a obedecer a esses pedidos na esperança de serem certificadas como pólos turísticos.
2. Acreditar em programas com base no voluntariado, usando da "boa fé" de aposentados, alunos das faculdades de turismo e população nativa que acabam alimentando uma crença fanática aos programas estrangeiros e de gabinete, em que políticos faturam popularidade por meio de estatísticas super inflacionadas segundo interesses do governo.
3. Usar dos estudantes de turismo e dos turismólogos como massa de manobra, quando editam normativas como a 390/98 em que a Embratur delimitava e descreve nossas ações profissionais, porém para priorizar o PNMT, comprado da OMT (quanto será que o Brasil pagou ou paga para usar uma metodologia ultrapassada?). A Embratur em 2001 lançou uma nova normativa, a 421, que passou nossas funções para o Conselho Municipal de turismo.

A existência, por parte da Embratur, de uma história de normas desastrosas que obrigavam nossos hotéis, para aumentarem as estrelas em sua classificação, o uso de carpetes nos quartos, bem como, um café-da-manhã fora dos padrões das cultura e culinária brasileira. Esse estrangeirismo copiado dos padrões de vida americano trouxe vários desastres na implantação de uma "política de turismo" direcionada exclusivamente para a recepção ao turista estrangeiro. Esse descompromiso com a população, no que se refere ao turista nacional, pode ser uma pista sinalizadora que a Embratur foi criada principalmente para moldar uma imagem de:
1. Brasil gigante, em que a ditadura prendia, torturava, matava e empastelava os meios de comunicação;
2. Um nacionalismo ufanista e extremamente patrulhador, em que a vida só tinha sentido quando compartilhada das disciplinas de "Educação moral e Cívica" e "Estudos de problemas Brasileiros";
3. Um processo de casernização da vida civil e da educação principalmente nos seus conteúdos obrigatórios e delimitados dentro de padrões rígidos de censura;
4. Um processo de cultura seletiva em que os princípios do amor e liberdade dos enlatados americanos sacudiam as cabeças da nossa juventude;
5. A instalação da ideologia pró-americana e anticomunista, por meio de um processo de desmonte a qualquer instituição que apresente perigo ao governo;
6. Exílio compulsório ou militar-judicial de cientistas, intelectuais brasileiros e militantes que poderiam ser mortos pelo governo militar. Que organizaram verdadeiras redes para divulgar para o mundo o que estava acontecendo no Brasil.
Esse fatores vão exigir do governo a criação de uma estrutura que cuide da imagem do Brasil no exterior, que junto com os corpos consulares e embaixadas divulguem a idéia de um Brasil ordeiro, pacífico, exótico, anticomunista e pró-americano. Nesse sentido, aparece a Embratur para a função que foi criada, ou seja, estimular e dar as condições da implementação de uma "Política Nacional para o Turismo" e divulgar o Brasil no exterior.
Os escritórios da Embratur no exterior vão servir de base para ressignificar o processo econômico, político e cultural, segundo interesses do governo militar em um país que no período da ditadura proibia a apresentação do balé Bolchoy, das peças de Plínio Marcos, a indicação de Dom Hélder Câmara para o Prêmio Nobel da Paz, das músicas de Chico Buarque de Holanda, Gilberto Gil, Caetano Veloso e outros. Mas no exterior divulga o carnaval, a mulata, o Rio de Janeiro e acaba sinalizando uma apologia à beleza da mulher brasileira nas praias ensolaradas, um passo para tipificar a idéia do turismo sexual que hoje faz do Brasil conhecido como a rota dos turistas que buscam meninas menores para a prática do turismo sexual. Rufiões que se colocam como agentes de turismo negociam nos aeroportos (falando alemão, inglês, francês e italiano) as crianças por dia, semanas e por hora.
Por que a Embratur não divulga as propagandas que são feitas do Brasil no exterior no campo do turismo? E os fatos que ocorrem e ocorreram quando da representação do país nas feiras internacionais de turismo, mostre-nos a reação da imprensa internacional para aquilo que o Brasil leva para mostrar no exterior. Será que existe censura?
Nada pode ser tão curioso do que compreender que o Brasil sempre procedeu e apostou no exotismo, como fator característica do Brasil no exterior. Durante a primeira República o Brasil participa de uma feira internacional na França e o estande brasileiro expõe frutas nacionais e os índios botocudos que acabaram sendo fatores de extrema curiosidade durante toda a exposição.
O Brasil sempre apostou em suas belezas anatômicas, seja pelas referências contidas nas cartas de Pêro Vaz de Caminha em que a apologia à beleza dos nossos nativos da terra é registrada em relato escrito aos reis. Porém, essa cultura ao corpo que só brasileiro sabe dar pela cor, ritmo, sensualidade, plástica e uma enorme pitada de erotismo, acabou cultuando gerações como Marta Rocha que perdeu o concurso de miss universo por duas polegadas, mas acabou sendo imortalizada como o símbolo de mulher brasileira.
Com isso, queremos dizer que trabalhar com a ocultação total da imagem da mulher brasileira, me parece uma estupidez e uma falta total de tato, pois a mulher brasileira é considerada a mais cobiçada e bela do mundo. A nós e ao poder público cabe fazer a distinção da mídia que acaba criando a noção de mulher liberada e independente.

CONCLUSÃO

Pouco se tem a festejar, pois somos uma categoria ainda muito despolitizada e com um inexpressivo senso crítico. A nós cabe entender essas limitações e buscar combater os inimigos dos turismólogos, que se caracterizam por aqueles discursos que:
1. Encaram a regulamentação da profissão como coisa desnecessária por meio do discurso despolitizante, infantil, reargumentando sua fala com base na "qualidade total" que como resposta imediata costura a ideologia do pragmatismo;
2. Combatem a regulamentação usando da lógica discursiva simplista que a mesma não criará empregos e, portanto, não é necessário lutar por essa causa;
3. Existem outras profissões que não são regulamentadas e o mercado está à disposição dos mais competentes, não há necessidade de nenhuma formatação jurídica. Mas de pessoal qualificado capaz de garantir seu mercado de trabalho;
4. Se regulamentarmos a profissão, limitaremos o nosso campo de trabalho, deixando de lado atividades que poderão surgir e que necessariamente fugiria de nossa amplitude regulamentada;
5. Em nenhuns país do mundo a profissão de bacharel em turismo foi regulamentada, essa argumentação aparece como o último recurso dos neoliberais para justificar suas posturas de fundamentação direitista. Na verdade a leitura que essas pessoas fazem da realidade não leva em conta a luta de classes como motor da história, mas sim, deslocam sua leitura para as técnicas de motivação, ou seja, de auto-ajuda.

Enquanto essas questões vão ocorrendo, as lutas sindicais vão sendo retardadas, os alunos fortalecem a visão equivocada de que conteúdo pedagógico e política são questões que devem ser tratadas separadamente e fora do âmbito das salas de aula. Essa cultura de separação entre o acadêmico e o político, foi sendo colocada durante os vinte e cinco anos de ditadura militar. Amigos morreram por pensarem diferente, professores foram caçados, exilados, torturados e mortos, pois sempre lutaram pela liberdade de poder estender o senso crítico dos alunos, contra a ditadura, opressão e pela eterna liberdade de pensamento.
Por isso, discente, não se deixe levar pelas falas sedutoras daqueles que se dizem nossos amigos, mas na verdade lutam para que o turismólogo não amplie seu mercado de trabalho e não se reconheça como elemento transformador da realidade turística. Esses "amigos da onça" lutam para que nossa categoria não cresça e sim desapareça, pois em sua lógica todos podem vir a contribuir não necessitando de nenhum estatuto corporativo.
Pense, amplie seu senso-crítico e acompanhe a discussão atual que vem lá do Rio Grande do Sul e passa pela cidade de Maringá. Reflitam quais os motivos que levaram entidades, pesquisadores e professores a tentarem desmobilizar nosso trabalho, por meio da lógica separatista de que política e academia devem estar desvinculadas. Será que eles entendem a lógica da luta de classes?



REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

Curso de turismo. Departamento de relações Públicas e propaganda. Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo I-CONTUR  I Congresso Nacional de Turismo. 1975.
Curso de Turismo. Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. I Fórum Nacional de Turismo e Lazer. São Paulo, 1980.
FERNANDES, Florestan. Nós e o Marxismo. In: Caderno Ensaio. Marx Hoje. São Paulo. Editora Ensaio, 1987.
LAFARGUE, Paul. O direito à preguiça. São Paulo: Hucitec; Unesp, 1999.
MATIAS, Marlene. Turismo: Formação e Profissionalização  30 anos de história. Barueri: Manole. 2002
MARX, Karl. Grundrisse: Lineamientos Fundamentales para la crítica de la economía política 1857  1858. México: Fondo de Cultura Económica,1985.
MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A Ideologia Alemã. Portugal. Editorial Presença, 1976. I-CONTUR
MARX, Karl. Manifesto do partido comunista. São Paulo: Global, 1987.
RIBEIRO, Darcy. Aos trancos e barrancos: como o Brasil deu no que deu. Rio de Janeiro: Guanabara Dois, 1985.
SANTOS FILHO. João dos. Neoliberalismo: Lógica do irracionalismo. In. Cadernos de Metodologia e Técnica de Pesquisa: revista anual de Metodologia de pesquisa. Universidade Estadual de Maringá / Departamento de Fundamentos da Educação / Área de Metodologia e Técnica de Pesquisa. 1996.
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Anônimo disse...

ESTADO: CARROCEL DE ACORDOS DOS INTERESSES PARTICULARES




O texto cl�ssico das Ci�ncias Sociais, �O Manifesto Partido Comunista� escrito por Karl Marx e Friedrich Engels em 1848 permanece atual�ssimo quando pensado junto � realidade pol�tica brasileira. O Estado dominado por interesses particulares de uma burguesia globalizada luta ferozmente para privatizar os servi�os p�blicos e tornar-los enormemente lucrativos.
Na verdade �O governo moderno n�o � sen�o um comit� para gerir os neg�cios comuns de toda a classe burguesa� (MARX.ENGELS, 1987: 78). Essa caracter�stica presente dentro do Estado brasileiro aberta por Collor e aprofundada por Fernando Henrique Cardoso e mantida por Lula.
Os reflexos desse procedimento pol�tico privatista, afeta a racionalidade pol�tica das instancias de poder executivo, legislativo e judici�rio. O executivo distribui cargos para a base aliada, cria por decreto, Minist�rios, faz a defesa intransigente do presidente do Congresso Nacional acusado de corrup�o. O Legislativo envolvido com corrup�o em Rond�nia, Campinas, Bahia cria a Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito na Assembl�ia Legislativa, para apurar os ind�cios de irregularidades nas contas da Empresa de Turismo da Bahia SA � Bahiatursa. O judici�rio que dava guarida aos bingos, ou melhor, juizes que ajudam soltando bandidos ou dando senten�as duvidosas.
A corrup�o � da ess�ncia do capitalismo e contamina todos os setores da sociedade, pois o poder do Capital conquista, corrompe chantagia e compra direitos e senten�as segundo interesses de alguns.
E o congresso que esta alheio aos interesses do povo, usa e abusa do voto secreto, fecha o congresso para o povo e pol�ticos para garantir a �lisura� do procedimento ditatorial. � inacredit�vel o pr�prio Congresso Nacional se fecha como a ditadura militar assim o fez em 1964.
Salvam Renam, fazem a dan�a da pizza, multiplicam-se os acordos pol�ticos regiamente pagos com cargos, lobistas agem como agentes das emendas parlamentares e nesse caso h� enormes coincid�ncias, vejamos:
1. Os conv�nios firmados pela EMBRATUR eram de responsabilidade do diretor de administra�o e finan�as da Embratur, Emerson Palmieri, ligado ao PTB do Rio de Janeiro e acusado pelo ex-deputado Roberto Jefferson de ser um dos operadores do esquema do "mensal�o" na gest�o de Eduardo Sanovicz;
2. Cl�udio Contijo � lobista da construtora Mendes Junior que intermediou a multiplica�o dos recursos financeiros para pagar pens�o aliment�cia � jornalista M�nica Veloso a pedido do presidente do Congresso: Foi diretor de Marketing EMBRATUR em 1992.
3. Milton Zuanazzi ingressou no Minist�rio do Turismo, atuando na Secretaria Nacional de Pol�ticas do Turismo, posteriormente foi empossado para presid�ncia da ANAC.

Essas constata�es revelam que tudo que � ruim vem da Embratur e pasmem, Zuanazzi esta fazendo conchavos para assumir a presid�ncia da EMRATUR. Cara presidente Jeanine Pires, al�m de ser a primeira mulher a presidir a autarquia, foi indicada ao cargo por absoluto m�rito profissional e � funcion�ria de carreira. Esta com os dias contados.

Anônimo disse...

UFANISMO, SANDICE E GALHOFA SÃO ATRIBUTOS DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE TURISMO NO BRASIL

João dos Santos Filho
Rodrigo Meira Martoni
RESUMO
As políticas públicas de turismo no Brasil, desde a criação da Empresa Brasileira de Turismo – EMBRATUR, em 1964, até o final da gestão do ministro Walfrido dos Mares Guia, apresentam algumas características comuns como a exaltação desmedida das atratividades nacionais no contexto de ações do Estado que privilegiam investidores e turistas internacionais, além de programas que não têm viabilizado mudanças na estrutura social do país. Portanto, suas características principais estão interligadas ao ufanismo, à sandice e à galhofa. Para entender tal situação, são estudados e evidenciados acontecimentos históricos em conjunto com o turismo nacional, num desvendar de segredos que somente a Economia Política pode nos auxiliar a fim de compreender esse objeto.

PALAVRAS CHAVE: turismo, políticas públicas, ufanismo, sandice, galhofa.
UFANO, TONTERIA Y GALLOFA SON ATRIBUTOS DE LAS POLÍTICAS PÚBLICAS.
GT 5 – PLANEAMENTO Y POLÍTICAS PÚBLICAS. CATEGORIA POSTGRADO

RESUMEN – Las políticas publicas de turismo en Brasil desde la creación de la empresa Brasileña de Turismo – EMBRATUR en 1964 hasta el final de la gestión del ministro Walfrido dos Mares Guia. Presentan algunas características comunes como la exaltación desmedida de las atractividades nacionales en el contexto de acciones del Estado que privilegian investidotes y turistas internacionales. Además de programas que no viabilizan cambios en la estructura social del país. Por tanto, sus características principales están interrelacionadas al ufano, tontería y gallofa. Para eso, son estudiados y evidenciados acontecimientos históricos en conjunto con el turismo nacional, en un desvendar de secretos que solamente la Economía Política puede auxiliarnos a comprender este objeto.
PALABRAS CLAVE: turismo, políticas públicas, ufano, tontería, gallofa.
ESCLARECIMENTOS PRELIMINARES

As políticas públicas de turismo no Brasil acompanham a trajetória das descontinuidades administrativas do Estado brasileiro e apresentam algumas características básicas comuns que alimentam um continuísmo administrativo. Nossa intenção é demonstrar que estas questões seguem e persistem na matriz ideológica de base idealista a favor do turismo receptivo.
Para tanto, optou-se pelo estudo geral das principais linhas de ação presentes nos principais períodos históricos em que o turismo foi objeto de política pública ou, pelo menos, assim se apresentou. Para a compreensão dessas políticas, realizamos inicialmente uma abordagem do Estado Neoliberal, que delega, ao setor privado, a responsabilidade de planejamento e fomento da coisa pública, esquecendo-se de que a competitividade imposta pelo sistema faz com que o núcleo central de preocupação da iniciativa privada seja responsável pela manutenção e ampliação da mais valia e não das necessidades coletivas sociais.
Justamente no contexto do Estado mínimo e também na utilização da máquina estatal em favor de interesses privados, são produzidas pontualmente algumas políticas públicas de turismo, caracterizadas pelo ufanismo, pela sandice e pela galhofa. Podemos compreender o ufanismo como a idolatria aos atrativos da pátria, e, propriamente no turismo, diversas ações foram e têm sido influenciadas por esse discurso, com a idealização de regiões com base em um glamour apelativo e construído artificialmente.
Outra dimensão problemática na qual se apóiam as diretrizes do turismo nacional é a sandice do estabelecimento de uma estrutura incompatível com a realidade sócio-econômica brasileira, uma vez que foi e continua sendo formatada para o estrangeiro. E, finalmente, também motivo para galhofa, é o programa Roteiros do Brasil que, por não se basear na organização do turismo e em outros setores a nível local, deixa de ter a consistência necessária para promover mudanças substanciais. A partir desses apontamentos, foi elaborado o presente trabalho, evidenciando que a história e o turismo se cruzam num desvendar de segredos e fatos caracterizados pelo exagero vinculado à insensatez e ao gracejo, que, somados, resultam geralmente em tragédia.



1 O DESMORONAMENTO DO ESTADO PELAS AÇÕES NEOLIBERAIS


O auxilio da abordagem histórico-crítica, no contexto do que são políticas públicas, permite a compreensão dos direcionamentos do turismo nacional. As comunidades gregas referiam-se às cidades como polis, daí vem o termo política: ações que têm como foco a administração dos negócios públicos, a polis, o Estado. Como salienta Chevallier (1982, p.11), “uma política deve necessariamente tomar posição em face dos problemas da natureza do homem, de sua condição e de seu destino [...]”, sendo que qualquer classe política deve posicionar-se em relação ao Estado e as políticas públicas devem ser pensadas e elaboradas tendo em vista o benefício das vontades e necessidades coletivas.
Para o entendimento das políticas públicas na atualidade, é necessário partir do seu eixo norteador, ou seja, o Estado Neoliberal. Com um enfoque centrado nas características da sociedade contemporânea, o termo remete-nos ao que é novo, indicando a recuperação e reformulação de idéias e ações liberais - o chamado pós-modernismo . Trata-se do liberalismo com vestes novas, colocadas justamente para promover o desmonte e pulverização do Estado em benefício de corporações nacionais e estrangeiras.
Nesse sentido, convêm salientar que a fundamentação e as atitudes de governos neoliberais tentam negar a existência da luta de classes, valorizando a necessidade dos fatores de produção, substituindo a idéia de conflito entre as classes sociais pelo pacto da harmonia e coexistência pacífica de interesses. Para os neoliberais, todos os bens possuem valor em função da utilidade que os mesmos apresentam aos consumidores, não considerando a teoria do valor trabalho e as relações de produção que dominam o mercado capitalista. Para os neoliberais, existem bens e não mercadorias, pois consideram que a noção de bem se associa à satisfação de desejos do ser humano, sendo que o objeto só adquire valor em contato com o sujeito, ou seja, ele não tem um valor de troca em si, mas somente quando entra em contato com a pessoa.
É justamente essa a fundamentação do discurso utilizada pelos neoliberais para defender o afastamento do Estado e a livre circulação de mercadorias, porque, por meio dele, espalham a idéia de que todas as coisas funcionam equilibradamente no contexto de um sistema em que a oferta se ajusta às pressões da demanda, e os custos de produção se ajustam ao valor determinado pelas preferências individuais (SOUZA, 2000), ou seja, é o mercado que regula a atividade produtiva, e o Estado não deve interferir em qualidade, preço, quantidade, localização geográfica e distribuição.
Na fase de mundialização do Capital, em que os investimentos de corporações ocorrem em território mundial e a globalização financeira evidencia-se, a tendência é o aumento da competitividade dos mercados, tendo como braço operacional os conglomerados transnacionais. Nesse sentido, os governos subservientes ao capital internacional privilegiam o mercado em detrimento da coletividade e caminham a passos largos para acentuar o grau de dependência que já era marcante no Brasil desde a década de 50:

As economias centrais, depois de consolidarem seu sistema econômico nacional de maneira autocentrada, impulsionados pelo dinamismo da reprodução do capital, ampliaram em escala mundial o seu espaço vital, modelando assim a natureza extrovertida da economia periférica. Posteriormente, a partir do último pós-guerra, em decorrência da superacumulação de capital e das vantagens comparativas quanto ao emprego da mão-de-obra, realizaram o deslocamento da produção e do capital do centro para os países subdesenvolvidos, bloqueando o desenvolvimento das economias nacionais emergentes e superpondo-se aos próprios Estados nacionais, submetidos por razões óbvias aos seus interesses. (MACHADO, 1999, p.134)


A Ditadura Militar dilapidou o Estado brasileiro e abriu um campo propício à corrente de pensamento e ações neoliberais, potencializando o grau de dependência do Brasil e abalando os projetos de base nacionalista em prol dos ditames políticos e econômicos de países dominantes. Com o declínio do Estado de Bem-Estar Social em diversos países, começaram, a partir do final de 1970, as políticas neoliberais.
Especificamente no Brasil, Collor iniciou a fase neoliberal de forma audaciosa, que foi expandida e aprimorada por Fernando Henrique Cardoso e teve continuidade com Luis Inácio Lula da Silva. Enquanto esperava-se que este governo rompesse com os interesses do Fundo Monetário Internacional, iniciasse de fato a reforma agrária e recuperasse o Estado do processo de privatização iniciado há décadas, ele, ao contrário, não promoveu rupturas com o neoliberalismo (ANTUNES, 2004).
São políticas dos governos que seguem esta corrente: a promoçao da desregulamentação, o aniquilamento dos sindicatos, a privatização e a concessão à iniciativa privada com a desmontagem dos serviços públicos e a “polarização social” (ANDERSON, 1998, p. 19). Na fase atual do Capitalismo, as atitudes dos governos neoliberais são legitimadas pela sociedade quando esta é despolitizada, passiva e desagregada socialmente. Assim, sua disseminação e aplicação pode ser percebida quando se deixam de lado os projetos nacionais e adotam-se os transnacionais; promove-se a separação entre política, Estado e sociedade; e utiliza-se a máquina estatal em prol das classes que detêm os meios de produção nacionais ou transnacionais (IANNI, 2004, p.56).
Para Bauman (1999, p.15), está em curso “um consistente e inexorável deslocamento dos centros de decisão, junto com os cálculos que baseiam as decisões tomadas por esses centros, livres de restrições territoriais”. Esse é o campo para o entendimento das políticas públicas atuais de turismo no Brasil: com o afastamento do Estado em prol da iniciativa privada e imposição de suas regras, tem ocorrido uma verdadeira destruição das iniciativas desenvolvimentistas de caráter local:

A dominação de grupos transnacionais que prezam tão somente as “perscpectivas de retorno” e, para isso, não internalizam custos sociais e ambientais, ocasionam, muitas vezes, um verdadeiro apartheid entre complexos e populações locais. A privatização de localidades que podem se firmar como destinos turísticos e todas as demais atividades-chave para a soberania de uma nação [...] faz parte do anseio de dominio do capital internacional que atende, única e exclusivamente, a seus objetivos de lucro. (MARTONI, 2006, p.86)

Assim, escrever sobre as políticas públicas de turismo no Brasil constitui um passeio histórico repleto de entusiasmo e também de grandes decepções, pois a preocupação do Estado capitalista brasileiro sempre foi com o turismo receptivo, como instrumento para a captação de recursos econômicos e poucas vezes direcionado ao lazer e ao turismo interno da classe trabalhadora, salvo nos períodos do Estado populista . As reflexões posteriores, além de apontar a trajetória histórica das políticas públicas de turismo, salientam a necessidade de rompimento e mudanças que não foram realizadas pelo ex-ministro Mares Guia.

2 REFLEXÕES SOBRE AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE TURISMO: DE 1970 À GESTÃO DE MARES GUIA

Em 1975, ocorreu, no Rio de Janeiro, o I Encontro Nacional sobre Lazer, Cultura, Recreação e Educação Física, realizado pelo Serviço Social do Comércio, Serviço Social da Indústria e Ministério do Trabalho. O evento foi realizado no Hotel Glória, em plena Ditadura Militar, de 24 a 29 de agosto, recebendo todo o apoio do Estado que entendia o lazer como instrumento capaz de amenizar a relação capital e trabalho.
O evento foi marcado pela presença de autoridades, como o Ministro do trabalho Arnaldo da Costa Prieto, que roubou o espetáculo: no começo de sua exposição, perante um auditório com mais de 700 pessoas, houve um estampido que movimentou a segurança do referido ministro. Tratava-se da lâmpada de magnésio de um dos potes de iluminação apoiado por um tripé que estourou. O tumulto foi resolvido quando um dos operadores de câmara detectou o acidente.
Após o esclarecimento do fato, as pessoas voltaram a seus lugares e a calma tomou conta do ambiente. O ministro do trabalho, que havia levado um enorme susto, pensando que se tratava de um atentado contra ele, retomou a cadeira e sentou-se. O que ele não sabia é que a substância da lâmpada de magnésio fora arremessada, com o estouro, diretamente em seu assento. O bravo ministro deu início à palestra, permanecendo sem movimentos bruscos dos quadris e, ao terminar, foi direto para o hospital cuidar do glúteo. O curioso é que, neste encontro, foi apresentado um programa elaborado nos Estados Unidos contra a obesidade e a falta de exercícios físicos dos americanos. Chamado “Mexa-se”, foi posteriormente copiado pela TV Globo, com o apoio do governo militar como forma de desviar atenção dos acontecimentos de repressão e tortura às quais a população civil estava submetida.
Apesar de entendermos os interesses da Ditadura e do principal meio de comunicação do país em oferecer à sociedade a ideologia do “pão e circo”, entendemos, também, que pelo menos havia ou sobrava a “nobre” intenção de demonstrar preocupação com o lazer e o turismo da população brasileira. É possível perceber que, nesse período, a burguesia, juntamente com governo militar, incentivou a prática do esporte, lazer e recreação, como forma de criar uma juventude sã e com moral civilista para a construção de uma cidadania sem a ideologia comunista.
O turismo e o lazer foram objetos de um encaminhamento pelo Estado quando ocorreram as discussões e seminários elaborados pelo pioneirismo do professor, investigador e sociólogo Renato Requixá que, na direção do SESC, criou uma equipe de pesquisadores e trouxe para o Brasil Pierre Lane e o sociólogo e educador francês Joffre Dumazedier. Na ocasião, conseguiu-se colocar o país na discussão humanista do esporte, lazer e recreação, além de destacar o turismo como algo que pertence e é direito de todas as classes sociais.
Nessa época, parte dos meios de comunicação, fora obrigada a defender o golpe construindo a idéia de que os militares vieram para salvar a nação da corrupção e do comunismo, fazia oposição aos mesmos, publicando nos jornais receitas de bolo no espaço da matéria censurada. Outros, como os tablóides, atreviam-se a publicar abertamente textos combativos ao governo ditatorial.
Com isso, percebemos que nem tudo foi perdido, porém os processos de descontinuidade e apagamento da memória histórica, no que se refere às políticas públicas de turismo no Brasil voltadas à população trabalhadora, sofreram um processo constante de amnésia. Não se enfatizam, entretanto, os períodos dos governos populistas em que a prática esportiva e de lazer era estimulada pelo Estado, que construiu centros esportivos e abriu espaços campestres e balneários para a classe trabalhadora. O que fica em evidência são os dados quantitativos referentes ao aumento dos gastos pelo turista estrangeiros; o culto a uma hospitalidade voltada para os não-nacionais; o número de eventos captados no exterior; o aumento dos vôos chartes e a prática do turismo sexual. Na verdade, historicamente, as políticas públicas de turismo partem de um planejamento pautado e pontilhado pelo ufanismo, sandice e galhofa.


2.1 UFANISMO

[De ufano, do v. ufanar, + -ismo; por alusão ao livro Por que Me Ufano do Meu País, do Conde Afonso Celso.] S. m. Brás. Atitude, posição ou sentimento dos que, influenciados pelo potencial das riquezas brasileiras, pelas belezas naturais do país, etc., dele se vangloriam desmedidamente. (FERREIRA, 1986)

O ufanismo é um produto que surge, forma-se e se desenvolve em decorrência dos interesses do Capital, por meio de um movimento de dupla pressão econômica e ideológica. A primeira é decorrente do processo de colonização (exploração e pilhagem) dos trópicos que transformaram o continente latino- americano em uma grande empresa para o comércio de mercadorias, com base nos recursos naturais que foram sugados dentro da lógica imperialista. Esta questão fica clara nas pesquisas realizadas pelo historiador Eduardo Galeano, em seu livro As veias abertas da América – Latina:

É a América Latina a região das veias abertas. Desde o descobrimento até nossos dias, tudo se transformou em capital europeu ou, mais tarde, norte-americano, e como tal tem-se acumulado e se acumula até hoje nos distantes centros de poder. Tudo: a terra, seus frutos e suas profundezas, ricas em minerais, os homens e sua capacidade de trabalho e de consumo, os recursos naturais e os recursos humanos. O modo de produção e a estrutura de classes de cada lugar têm sido sucessivamente determinados, de fora, por sua incorporação à engrenagem universal do capitalismo. (GALEANO, 1985, p.14)

A segunda ocorre pela cristalização do poder político, que a burguesia concentra, determinando qual será a imagem do país que deve ser veiculada no exterior. Podemos começar pela Carta sobre o descobrimento do Brasil, escrita por Pedro Vaz de Caminha, em que encontramos a seguintes referências principais:
Pardos, nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas. Traziam arcos nas mãos, e suas setas. Vinham todos rijamente em direção ao batel. E Nicolau Coelho lhes fez sinal que pousassem os arcos;
E tomou dois daqueles homens da terra que estavam numa almadia: mancebos e de bons corpos. Um deles trazia um arco, e seis ou sete setas. E na praia andavam muitos com seus arcos e setas; mas não os aproveitou;
A feição deles é serem pardos, um tanto avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem cobertura alguma. Nem fazem mais caso de encobrir ou deixa de encobrir suas vergonhas do que de mostrar a cara. Acerca disso são de grande inocência. Ambos traziam o beiço de baixo furado e metido nele um osso verdadeiro, de comprimento de uma mão travessa, e da grossura de um fuso de algodão, agudo na ponta como um furador. (www.cce.ufsc.br/~nupill/literatura/carta.html).
Os colonizadores (entendidos como exploradores), quando aqui desembarcaram, trouxeram consigo uma determinada visão de mundo lastreada de preconceitos, que vão refletir o comportamento que os mesmos tiveram para com os nativos da terra, seja destruindo ou explorando, embora sempre integrado a uma fricção inter-étnica como diria Darcy Ribeiro. Portanto, escravizar, estuprar e matar os nativos da terra eram atos comum entre os exploradores europeus.
O contato dos portugueses com os nativos foi algo extremamente traumático, visto que a cultura mais frágil militarmente se perdeu. O fato é que o processo neocolonialista, implementado pelo Capital, adquire e reveste-se de um caráter de exploração usando o viés religioso, como pode ser percebido na Carta de Caminha. Contudo, esse processo revela que seu real interesse eram os recursos minerais e humanos. Darcy Ribeiro, em seu livro “O povo brasileiro”, esclarece-nos esse fato, quando afirma:
Visivelmente, os recém-chegados, saídos do mar, eram feios, fétidos e infectos. Não havia como negá-lo. É certo que, depois do banho e da comida, melhoram de aspectos e de modos. Maiores terão sido, provavelmente, as esperanças do que os temores daqueles primeiros índios. Tanto assim é que muitos deles embarcaram confiantes nas primeiras naus, crendo que seriam levados a terras sem Males, morada de Maíra ( Newen Zeytung 1515 ). Tantos que o índio passou a ser, depois do pau-brasil, a principal mercadoria de exportação para a metrópole. ( RIBEIRO, 1995, p.42 )
A idéia de que os brasileiros são liberados e que “tudo pode”, porque não há limites para seu comportamento sexual, é uma lógica construída historicamente decorrente daquilo que os colonizadores aqui presenciaram, segundo seus preconceitos. Eles viajaram cerca de 40 dias entre Portugal e Brasil, chegando exaustos e imundos, afinal se banhavam nos navios com vinagre e era comum sofrerem com diarréias e vômitos.
Ao desembarcar, sentiam o cheiro da mata nativa composta de vários odores fantásticos, ao mesmo tempo em que se deparavam com um novo mundo, sendo estes recursos acentuados pelas lembranças do tempo infernal de moradia no navio. Seus olhos adquiriam uma percepção de estar no paraíso, refletida na afirmação de que “as suas vergonhas, tão alto e tão cerradinho e tão limpo das cabeleiras que, de as nós muito bem olharmos, não se envergonhavam”. O texto de Caminha esta repleto de comentários referentes ao impacto da nudez sentido pelo estrangeiro. Em uma parte, afirma: “suas vergonhas tão nuas, e com tanta inocência assim descobertas, que não havia nisso desvergonha nenhuma”, e em outra, completa com uma declaração de apreciação estética: “Nosso Senhor lhes deu bons corpos e bons rostos, como a homens bons”. Mais adiante, admite que o povo nativo seja “gente bestial, de pouco saber e por isso tão esquiva”, mas volta a elogiá-lo: “e naquilo me parece ainda mais que são como aves ou alimárias monteses, às quais faz o ar melhor pena e melhor cabelo que às mansas, porque os corpos seus são tão limpos, tão gordos e tão formosos, que não pode mais ser”. Mais adiante, descreve uma situação difícil e cômica ao mesmo tempo:
Entre todos estes que hoje vieram não veio mais que uma mulher, moça, a qual esteve sempre à missa, à qual deram um pano com que se cobrisse; e puseram-lho em volta dela. Todavia, ao sentar-se, não se lembrava de estendê-lo muito para se cobrir. Assim, Senhor, a inocência desta gente é tal que a de Adão não seria maior -- com respeito ao pudor. (CAMINHA)

Não há dúvida que os portugueses entendiam o Brasil como um paraíso sexual, sendo os trópicos a base do reino das belezas naturais do homem e da mulher (por isso achavam que haviam descoberto o paraíso terrestre) em que todos viviam nus. Na verdade, uma terra sem rei e sem lei, onde tudo se pode e nada é impossível. Estes elementos sinalizam a visão etnocentrista que trabalha com um arcabouço de formas, caminhos e razões que o pensamento produz por meio de profundas distorções que se perpetuam nas emoções, sentimentos, valores, pensamentos, imagens e representações que fazemos da vida daqueles que são diferentes de nós, isto é, o outro. Este problema não é exclusivo de uma determinada época nem de uma única sociedade, visto que o etnocentrismo se constitui uma das tendências presente na história da humanidade.
Assim, salientamos algumas de suas características que se sobressaíram na segunda metade da década de 60. O Regime Militar de 1964 teve apoio das classes conservadoras e de setores fundamentais da sociedade civil. Nos centros escolares, haviam os famosos “dedos-duro”, e os professores que discordassem do regime ou promovessem o pensamento critico dos alunos eram sumariamente presos e interrogados, demitidos, torturados e/ou mortos. Esta época, aclamada de ufanista apareceram os slogans: “Brasil, Ame-o ou deixe-o”; “Este é um País que vai para frente”; “Brasileiro gosta de levar vantagem em tudo” (esta alusiva à Copa do Mundo de 1970, a famosa “Lei de Gerson”); “Ninguem segura este país”; “Brasil potência”; “Brasil gigante”.
O governo passou a usar a propaganda formatada por um marketing de primeira linha para conseguir a simpatia do povo e, com isso, construir um Estado que dissiminasse a sensação de otimismo generalizado, visando esconder os problemas do regime militar fascista. O futebol foi usado com objetivos ufanísticos, pois há uma militarização em sua organização desde a escolha de jogadores, passando pelo técnico, até a estrutura física dos grandes estádios de futebol.
Quando os militares se deram conta de que o desenvolvimento do turismo poderia ser uma saída para combater a crise economica, social e moral do Estado, o qual haviam recem submetido ao golpe, criaram a EMBRATUR e, posteriormente, o Sistema de Turismo, vinculado ao Ministerio das Relações Exteriores, como pode ser constado no livro de Joaquim Xavier da Silveira, primeiro presidente da EMBRATUR:
O turismo passava a ser considerado indústria básica constituindo atividade de interêsse nacional. Permitia-se pela primeira vez aplicação de incentivos fora das áreas da SUDENE e SUDAM, entregando-se à iniciativa privada instrumento eficiente e capaz de imprimir um nôvo ritmo ao desenvolvimento do turismo. (SILVEIRA, s/d, p. 21)
Nessa perspectiva, o turismo adquire a qualificação de mercadoria e, para tal, havia necessidade da criação de uma estrutura ágil com a finalidade de promover o Brasil no exterior e divulgar uma imagem que apelasse para as “qualidades inatas” do povo brasileiro. O intuito principal era combater o perigo dos comunistas que estavam alojados na imprensa brasileira, bem como daqueles que foram para exterior e eram os responsáveis pela propaganda difamante contra o Brasil por meio de publicação de tablóides, panfletos, jornais e revistas que denunciavam a ditadura fascista, suas torturas e execução de seus oponentes. O General Milton Tavares de Souza expõe que:

Há uma frente de informação que difama nosso país e mantém em nossa terra repórteres que mentem lá fora, apresentando um quadro brasileiro inteiramente falsificado, inteiramente pejorativo. Nada de importante acontece no país sem a ação dos comunistas. Há uma poeira vermelha nos olhos do povo e de grande parte das autoridades brasileiras. (O Estado de São Paulo. 2 de outubro de 1976)

A EMBRATUR foi criada oficialmente com a função de ordenar uma política nacional de turismo, conforme relata, Joaquim Xavier da Silveira, um dos diretores da Associação Comercial do Rio de Janeiro. A ascensão ao cargo demonstrava o poder do Rio de Janeiro como força do turismo nacional e a tônica do padrão dado à divulgação do Brasil: mar, sol e mulheres douradas da praia de Ipanema, com seu biquíni, padrão exportação. Extra-oficialmente, tratava-se de um órgão encarregado de fazer a contrapropaganda dos exilados no exterior, enaltecendo as maravilhas do Brasil, ao passar a idéia de país dos trópicos e núcleo mundial do pecado capital. Buscando sua função inicial de porta-voz do governo brasileiro, elaborou uma campanha mercadológica oficialista, mostrando a idéia de um Brasil multirracial de tonalidade pacífica, democrático e ordeiro para o mundo.
Nessa época, apelou-se para uma propaganda de exploração do erotismo e da beleza da mulher brasileira, bem como para o lado exótico e a diversidade cultural, de nosso povo demonstrando uma convivência social cuja existência era mais produto de romances e novelas do que da realidade histórica do país. A estratégica consistiu em se montar uma propaganda política oficial que seria veiculada por meio de um órgão de turismo, em que as belezas do Brasil serviriam para ocultar o que de fato estava ocorrendo no país. Com um apelo voltado à plástica da mulher brasileira, ao carnaval e à hospitalidade do povo em bem-receber o turista estrangeiro, criaram-se instrumentos que exploravam o lúdico das pessoas, transmitindo-lhes uma mensagem de otimismo e ufanismo nacionalistas.
O ufanismo, quando usado no discurso, configura-se como uma linguagem que utiliza a filosofia existencialista averbada pelo idealismo vulgar, que só permite o entendimento da realidade via idolatria a princípios etnocêntricos. Este discurso palmilha a política brasileira do turismo, constituindo um elemento presente em quase toda a literatura produzida dentro e fora da academia. A nossa preocupação é que no turismo há um apego ao lúdico e uma constante tentativa de idealizar uma região, segundo os parâmetros de um glamour apelativo e construído artificialmente que, não raras vezes, vaza para as raias do irracionalismo. Associado aos interesses dos empreendimentos turísticos, a fala ufanista facilita ações para a reprodução e manutenção do Capital que nem sempre faz parte do interesse coletivo. Esse ufanismo produz uma idealização nacional que alimenta e formata a imagem que divulgamos do Brasil no exterior, desde a chegada dos europeus até a atualidade.


2.2 SANDICE

[De sand-, como em sandeu, + ice.] S. f.
Qualidade, condição ou ação de sandeu; necedade, parvoíce, insensatez, tolice (FERREIRA, 1986).


O Plano Nacional de Turismo 2002 a 2007 está comprometido, por sua natureza, com princípios economicistas, próprios do discurso neoliberal no qual foi formatado, cuja base é a busca do crescimento econômico do turismo decorrente da criação de serviços destinados a atender exclusivamente o turista estrangeiro. Isto fica explícito na mensagem do senhor Presidente da República:

É inegável a nossa vocação para o turismo. Dispomos de todas as condições para cativar nossos visitantes – praias, florestas, montanhas, rios, festivais, culinária diferenciada, parques nacionais, cidades históricas e a tradicional hospitalidade brasileira, assim como, os equipamentos, as empresas, e a qualidade dos serviços já encontrados em muitas regiões do país. Receber bem é o traço marcante do nosso povo. A mistura de nossas raças gerou uma gente alegre, solidária, onde todos se encontram nas diferenças, num ambiente de convivência pacífica. Somos um país de todos. (PLANO NACIONAL DE TURISMO - 2003 A 2007, p. 3)


Nessa parte do discurso, fica evidente o turismo entendido como uma potencialidade natural, quase como uma vocação “genética” para uma hospitalidade brasileira, elaborada historicamente segundo a índole integrativa do português e do escravo obediente “para cativar nossos visitantes”. Este discurso voltado para incrementar o turismo receptivo evidencia que “somos um país de todos” e passa a idéia de que não temos diferenças sociais ou qualquer tipo de racismo.
A premissa básica que sustenta o entendimento desse turismo é a lógica do turismo receptivo que, por sinal, todos os patamares do trade turístico devem priorizar. Isso pode ser visto e confirmado quando a mensagem se refere à criação de novos empregos pelo turismo – trata-se somente de dados quantitativos que não refletem a realidade de regiões onde são crescentes os interesses privados devido à omissão do Estado. Mais adiante, é abordado novamente o turismo receptivo:

Além dessas perspectivas, o turismo pode cumprir um perfil importante no equilíbrio da balança comercial, com o ingresso de novas divisas, por meio do aumento no fluxo de turistas estrangeiros e da atração de investimentos para a construção de equipamentos turísticos. (PLANO NACIONAL DE TURISMO – 2003 a 2007, p. 5)

Para finalizar e endossar a prioridade ao turismo receptivo, a mensagem justifica a transformação da EMBRATUR em um órgão voltado ao marketing e à captação de eventos no exterior:
Por todos esses motivos, já em campanha havíamos assumido o compromisso de criarmos o Ministério do Turismo e de profissionalizarmos a EMBRATUR, voltando o seu foco para a promoção, marketing e o apoio à comercialização do produto turístico brasileiro no mundo. (PLANO NACIONAL DE TURISMO – 2003 A 2007, p. 5)

Como adequar essa proposta com a diminuição das desigualdades sociais? As políticas promovidas pelo Governo Federal, por meio da estrutura do Ministério do Turismo, não contempla a diminuição das desigualdades sociais, ao contrário, antes de tudo, têm aumentado a competitividade econômica de alguns investidores do setor. Esta é uma questão que deve ser colocada em evidência e revista pela Ministra Marta Suplicy, uma vez que os programas gerenciados pelo poder público priorizam os grandes empreendimentos turísticos estrangeiros que geralmente não têm beneficiado a coletividade.
Verifica-se, atualmente, essa realidade em projetos e complexos efetivados de grupos como o Reta Atlântico (português), Pestana (português), Iberostar (espanhol), Amorim (português), Marriot (estadunidense), Accor (francês), Vila Galé (português) Studio Europa Engineering (italiano) e outros que contemplam principalmente o turismo de sol e mar. Com isso, é possível identificar dois processos: o primeiro atinge as comunidades nativas, pois esses empreendimentos, com a conivência do Estado, atuam na contra-mão de políticas de inclusão social, gerando tão somente subempregos. O segundo contempla a possibilidade de “ser” turista, pois há um verdadeiro “abismo” entre os empreendimentos e os turistas nacionais, uma vez que a estrutura é totalmente imprópria à realidade sócio-econômica de parcela considerável da população. Assim, o território é formatado para aqueles que podem gastar: os estrangeiros.
O Estado libera, para os estrangeiros, sem qualquer restrição ou ações de regulamentação consistentes, a aquisição de imóveis e empreendimentos no litoral brasileiro, sendo que esse procedimento trará, para a população local, um impacto cultural, econômico, político e social sem precedentes, em que o sentimento de exclusão aparecerá mesclado ao sentimento de um novo processo de colonização no contexto da globalização, assim, como querem os neoliberais:

Esse processo de globalização do turismo atende aos interesses do capital internacional que, na falsa premissa de trazer emprego e desenvolvimento para as localidades, acaba ampliando a miséria e o desespero das populações nativas e regionais. Cria-se uma discriminação étnica que poderíamos chamar de um verdadeiro apartheid do turismo, estimulado pelos grandes empreendimentos nacionais e estrangeiros que isolam a população nativa do convívio para com o turista. (SANTOS FILHO, 2003, p.374)


Aparelhados pelo Estado e seguindo a lógica da competitividade, os investidores têm aproveitado a abertura para investir em territórios que estão sendo internacionalizados por conta dos vultosos investimentos. Aproveita-se de nossos recursos e potencialidades paisagísticas e comprometem-se implicitamente somente com o fluxo de dinheiro e altos lucros. Ações sociais fazem parte tão somente de estratégias mercadológicas para o aumento da competitividade e manutenção da aparência que, de forma contrária, não ocorreriam.
Nesse sentido, o discurso que busca o entendimento do fenômeno do turismo pelo viés puramente economicista limita e obscurece o caminho da razão para o entendimento do real e adere aos planejamentos em que o respeito à sustentabilidade está condicionado aos interesses da reprodução do Capital. O fato é que há uma estratificação que garante aos interesses do grande capital a prioridade no turista estrangeiro, tornando os programas e metas que contemplam o turismo interno em ações secundárias para uma política pública de turismo.
Por isso, entendemos que, apesar dos esforços direcionados ao turismo brasileiro, o governo pecou por deixar a lógica neoliberal comandar e instrumentalizar os interesses das classes trabalhadoras. Pode-se destacar, assim, que o ethos da sandice esteve presente na Política Nacional de Turismo, principalmente quando destacou o turismo como o elemento-chave para o desenvolvimento (criação de empregos e ocupações diversas), conforme consta em suas metas: “criar condições de gerar 1.200.000 novos empregos e ocupações”. Essa ousadia em colocá-lo como o paladino do desenvolvimento, capaz de superar a pobreza e a miséria dos países capitalistas periféricos a todo custo, produz feridas iniciadas pelo desprezo à vida, em que os princípios societários aderem às raias da irracionalidade, apoiadas nos parâmetros das desgraças humanas.


2.3. GALHOFA

[Do esp. Gallofa.], poss. do lat. med. galli offa, S. f.1. Gracejo, risota, risada.2.V. zombaria (FERREIRA, 1986)

Compreendemos que a política nacional de turismo deve ser pautada por planos, programas e projetos que efetivamente possam mudar a estrutura turística nacional. Quando falamos em mudanças, enfatizamos que qualquer ação política, no campo do turismo, deve partir das características e do atendimento às necessidades especificas de cada região do país e estar integrada a outros setores. Caso contrário, teremos transformações qualitativas que não poderão ser efetivadas. Neste sentido, é motivo de gracejo o conteúdo do macro-programa de regionalização do turismo - Roteiros do Brasil.
Ao abordar esse programa, apresentado no Plano Nacional de Turismo, verificamos que sua proposta central é a “estruturação, o ordenamento e a diversificação da oferta turística no país”. O mesmo apresenta os seguintes objetivos:

Promover o desenvolvimento e a desconcentração da atividade turística; apoiar o planejamento, a estruturação e o desenvolvimento das regiões turísticas; aumentar e diversificar produtos turísticos de qualidade, contemplando a pluralidade cultural e a diferença regional do País; possibilitar a inserção de novos destinos e roteiros turísticos para comercialização; fomentar a produção associada ao turismo, agregando valor à oferta turística e potencializando a competitividade dos produtos turísticos; potencializar os benefícios da atividade para as comunidades locais; integrar e dinamizar os arranjos produtivos do turismo; aumentar o tempo de permanência do turista nos destinos e roteiros turísticos; dinamizar as economias regionais.

Ao analisarmos esses objetivos, devemos, em um primeiro momento, relembrar e traçar parâmetros relacionando com o Programa Nacional de Municipalização do Turismo, criado pela portaria nº 130 de 1994, do, então, Ministério da Indústria, Comércio e Turismo. Sua proposta principal era fomentar o turismo nos municípios, com os seguintes objetivos: conscientizar a sociedade para a importância do turismo; descentralizar ações de planejamento; estimular o fortalecimento das relações dos diferentes níveis do poder público com a iniciativa privada; e disponibilizar aos municípios brasileiros com potencial turístico, condições técnicas, organizacionais e gerenciais para o desenvolvimento do turismo (PNMT, s/d).
É possível confirmar que as ações operacionais de capacitação do PNMT, divididas em três oficinas, não surtiram efeitos práticos por alguns motivos: (a) não se exigia a atuação de profissionais como monitores municipais; (b) a concepção do programa foi baseada em diretrizes da Organização Mundial do Turismo, compradas e adequadas para o Brasil: adotou-se a metodologia ZOPP (Planejamento de projetos orientados por objetivos).
Transformadas em oficinas de capacitação, formadas por grupos em que os participantes recebem perguntas a serem analisadas com o objetivo de se chegar a um consenso. Essas oficinas são acompanhadas pelos moderadores que auxiliam os grupos com recomendações técnicas e esclarecimento de dúvidas, contudo os moderadores não precisam necessariamente ter formação ou atuação comprovada na área. Sua escolha foi justificada por ser um método de que todos participam e contribuem, eliminando as dispersões geradas por conflitos de idéias, à medida que os temas devem ter o consenso do grupo (SILVA JÚNIOR, 2004, p. 65). Assim, é necessário considerar que esta é uma metodologia excludente “por intimidar aqueles que possuem outra lógica, outra linguagem e tem interesses distintos da maioria dos técnicos presentes”. Esta questão justifica-se, pois qualquer crítica é abrandada pelos moderadores (RODRIGUES, 2003, p.97); (c) não executava as ações, mas baseavam-se tão somente na preparação das comunidades por meio das próprias oficinas, uma vez que o alcance pretendido (em ações e projetos) não chegava a contemplar os custos de investimentos, como aborda Silva Júnior (2004, p.79): “não se pode pensar em um programa eficaz sem considerar a restauração da capacidade do Estado de investir ou induzir investimentos privados”; (d) desconsiderava as características de políticas locais e as diferenças de interesses de classes, sobressaindo as vontades individualistas de empresários influentes e não necessariamente as da comunidade; e não possuíam uma lógica histórica, integrada com outros setores fundamentais para o desenvolvimento do turismo nas localidades. Foi, em última análise, um programa de caráter irracional que iludiu comunidades.
Com a criação do Ministério em 2003, não houve uma proposta de reformatação e adequação do PNMT, segundo os moldes necessários para o desenvolvimento local. Movido por propostas de alguns Estados e projetos de roteiros apresentados ufanisticamente e sem uma estrutura de suporte consolidada , formulou-se outro programa, o de regionalização, conhecido também por Roteiros do Brasil . É interessante observar que os objetivos traçados para este dependem do encaminhamento de um plano turístico em nível local primeiramente, o que não há em diversos municípios, uma vez que o PNMT não possibilitou outra realidade senão reuniões para a motivação dos “interessados” pelo turismo.
Nesse sentido, compreendemos que cada região, está configurada, por um conjunto de elementos naturais a serviço da ação transformadora do homem, possuindo diferenciais que podem ser evidenciados e aproveitados turisticamente, mas são os municípios que, de forma articulada, podem induzir o desenvolvimento regional, ou seja, a regionalização vai depender da dinâmica, dos recursos e da interação entre municípios e suas instituições e características culturais. Isso pode ocorrer mediante políticas públicas, que promovam a elaboração e desenvolvimento de planos, contemplando o turismo e outros setores interligados.
É justamente na lógica organizacional dos municípios com possíveis articulações que contemplem setores capazes de dinamizar a economia e valorizar intrinsecamente o patrimônio natural, histórico e cultural que a regionalização deve ser compreendida e estimulada. Abordando o setor do turismo, que geralmente não é capaz, por si só, de promover o desenvolvimento a longo prazo, verificamos que o macro programa do Governo Federal não possui a solidez necessária, uma vez que praticamente não há planos municipais de desenvolvimento integral do setor, baseados em políticas públicas consistentes. Portanto, partimos do pressuposto de que o planejamento com bases locais deve ser o eixo norteador para a regionalização.
O estudo da região, a partir dos municípios que a integram, é interdisciplinar, sendo que o turismo e a geografia cultural, abordando as políticas, o planejamento, a área cultural e natural, as paisagens, a história cultural e a ecologia cultural, são de extrema importância para as propostas inter-municipais de desenvolvimento turístico. Para isso, é realizado o mapeamento do “arranjo e organização espacial de complexos de características relacionadas ou conectadas”, envolvendo os elementos naturais e a história, uma vez que “a história de qualquer povo evoca a sua fixação numa paisagem, seus problemas ecológicos e concomitantes culturais [...]” (WAGNER; MIKESELL, 2003, p. 50).
Trata-se de uma série de elementos que devem ser considerados e não tão somente o estabelecimento de roteiros ou circuitos. Salientamos esta questão, pois, na publicação do Ministério do Turismo apresentando os resultados e as perspectivas do turismo no Brasil, de junho de 2006, é ressaltado, no Item 3.4 do Capítulo I, o mapeamento realizado para “identificar as regiões e roteiros turísticos que devem ser objeto do ordenamento e estruturação territorial, gestão, qualificação e promoção, com visão de curto, médio e longo prazo” (Turismo no Brasil, 2007-2010). Segundo a publicação, em 2004, foram identificadas 219 regiões turísticas, envolvendo 3.203 municípios pelo programa de regionalização. Destas regiões, 134 apresentaram 451 roteiros turísticos, no Salão do Turismo chamado Roteiros do Brasil, que ocorreu em junho de 2005, na cidade de São Paulo.
As regiões, representadas por municípios, apresentaram propostas de roteiros que, mesmo sendo interessantes, não oferecem a possibilidade, por si só, de promover a regionalização, como apontamos anteriormente. Um exemplo pontual é o programa envolvendo as Estradas Reais, do Estado de Minas Gerais, apresentado pela revista Exame (2007/2008) como “um dos maiores programas turísticos do país”, estabelecido em 1999, quando ainda estava em curso o PNMT. O Estado, no contexto neoliberal, delegou a responsabilidade de planejamento e gestão das rotas ao Instituto Estrada Real, criado pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais. Referenciados em mapas e na Internet, os caminhos Novo, Velho e dos Diamantes são mostrados como forma de desenvolvimento regional.
Uma pesquisa que está sendo desenvolvida pelo Departamento de Turismo da Universidade Federal de Ouro Preto irá apontar as distorções do programa e a capacidade do plano de marketing do instituto em moldar a aparência para ocultar a essência da questão . Assim, não detalharemos aqui alguns problemas detectados nestes “eixos turísticos” como, por exemplo, o pouco embasamento histórico para a demarcação das rotas; a ênfase na comercialização de uma estrutura suporte que é deficiente; e os acordos políticos e econômicos que desvirtuaram o trajeto. Desejamos enfatizar, como exemplificação, que diversos municípios não possuem qualquer organização sólida em termos de planejamento e políticas públicas que contemplem o turismo para basear uma proposta de regionalização.
Uma referência para os três caminhos é a cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, que carece de uma organização interna em diversos setores: não há regulamentação para a atuação de guias; não existe tratamento de esgoto; os distritos com potencialidades naturais nem sempre são contemplados por ações do poder público; e os vínculos entre prefeitura e universidade no setor de turismo, ainda são tênues. Pretendemos demonstrar, destacando Ouro Preto no contexto de um programa estadual, a irracionalidade de uma proposta de regionalização com a desorganização turística de localidades que compõem e configuram um espaço. E mais: ao Estado delegar a uma entidade representativa de interesses privados a responsabilidade pelo turismo, as ações desenvolvidas irão atender a interesses individualistas. Acrescentando-se que mesmo em municípios que precisam desenvolver um diagnóstico para a elaboração de um plano turístico, o Instituto Estrada Real oferece cursos de camareiras e garçons, ou seja, é repetição de ações de treinamento do PNMT em benefício dos empresários mais influentes.
Com o afastamento do Estado, ou o que é pior, com a utilização de sua estrutura para fins de interesses privados, o turismo tem sido cada vez mais um instrumento de exclusão e concentração de renda do que de inclusão e valorização intrínseca do patrimônio. Com a ausência de políticas públicas que contemplem a coletividade, o turismo pode ser entendido “pela apropriação capitalista dos momentos de ócio individual, transformados em um imenso aparelho coletivo de enriquecimento privado” (OURIQUES, 2005, p.18).
Nesse contexto, o programa Roteiros do Brasil torna-se motivo de galhofa, pois: (a) não considera a competitividade imposta pelo sistema capitalista, ao enfatizar a integração e cooperação de empresas ligadas direta ou indiretamente ao turismo; (b) anuncia mais dele mesmo, pois substancialmente não promove modificações substanciais em localidades; e (d) trabalha superficialmente a regionalização, deixando de considerar outros setores para o desenvolvimento do turismo e a dinâmica territorial que caracteriza e diferencia uma determinada região.


CONSIDERAÇÕES FINAIS

A política pública estabelecida pelos militares com o intuito principal de trabalhar e moldar uma imagem do país, que, por sinal, tem como reflexo o turismo sexual que está arraigado implicitamente na mente de muitos estrangeiros; a continuidade ou descontinuidade de ações que privilegiaram, desde 1966, os empreendimentos internacionais, criando um verdadeiro abismo entre meios receptivos e turistas nacionais; e os contínuos programas em que verbas são direcionadas a oficinas de treinamento e ao marketing são motivos concretos para duvidarmos da seriedade de ações do Estado para promover o turismo nacional.
Apresentado o plano de turismo 2007-2010 pela Ministra Marta Suplicy, verificamos que a proposta principal de desenvolver o turismo doméstico deve estar contemplada nos programas que, até o presente momento, não tiveram reformulações para reordenar o plano.
Ressaltamos, ainda, que inciamos a análise desse plano, contemplando suas propostas, objetivos e diretrizes, uma vez que a lógica irracional da internacionalização territorial, dos interesses de corporações e das políticas subservientes a estes devem ser quebradas por ações políticas firmes que vão contra a lógica exploratória do sistema ao qual o turismo brasileiro está subordinado.


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Anônimo disse...

TURISMO BRASILEIRO E A CASA DE ENGORDA


João dos Santos Filho



[...] o cativo é sempre bem cuidado e posto à engorda antes de ser vendido. A aplicação do óleo de palma em todo o corpo esconde certas doenças de pele, sobretudo dá-lhe brilho, sinal de vigor físico. As vezes, dentes e gengivas são escovados com raízes adstringentes, que dão à boca um aspecto bem saudável.




A simples comparação de fatos históricos não é um procedimento pedagógico recomendável, pois as circunstâncias as quais os momentos foram produzidos são diferentes e distintos, portanto, essas possíveis digressões que aparecem, devem servir muito mais a atributos caricatos do que verdades científicas. Mas, porém e, entretanto não devemos esquecer que a racionalidade humana é deverás criativa e permite essas comparações de compreensão literárias satíricas, que são produtos da expressão da materialidade histórica das relações sociais.
Nosso intuito é tentar entender o turismo brasileiro naquilo em que ele tem de mais frágil; ser instrumento de uso político pelo Estado e por políticos. E não estar colocado como elemento efetivo nos Planos Nacionais de Políticas Públicas. O turismo desde sua existência na realidade nacional foi uma atividade ligada à elite com raras exceções no período do governo de Getúlio Vargas.
Comparar as Casas de Engorda, espaço em que os negros eram alimentados para engordar e serem vendidos a um preço mais alto. Com as estruturas federais que respondem pelo turismo nacional, não tem nada de absurdo, mas sim, muita verdade aproximativa, que deve ser de conhecimento de todos os cidadãos.
As Casas de Engorda em sua maioria possuíam uma estrutura para o descanso, engorda batizado e venda de escravos. Os órgãos Federais de turismo por sua vez têm funcionado como local de transito em que uma parte dos funcionários é oriunda de interesses escusos, pois desconhecem suas atividades profissionais e/ou são resultados de apadrinhamentos políticos, ocupando cargos de primeiro e segundo escalão a espera de outras oportunidades.
Ao mesmo tempo em que o escravo africano tinha o mercado da Rua do Volongo para esperar, e alguns casos se recuperar da longa viagem até chegar ao Brasil, para posteriormente ser vendido a algum fazendeiro. O apadrinhado dos órgãos de turismo espera por outras oportunidades políticas para poder desenvolver seus féis serviços a nação como fizeram:
1. Walfrido dos Mares Guia, que foi presidente do Ministério de Turismo de 2003 a 2006, em que lhe pesa;


FONTE: www.congressoemfoco.com.br
Turismo à margem da lei
Walfrido contrariou LDO e Tesouro ao liberar mais de R$ 24 milhões para entidades privadas sem fins lucrativos, igrejas e sindicatos rurais

Lúcio Lambranho e Eduardo Militão

Enaltecido pelo presidente Lula ao assumir o Ministério das Relações Institucionais por sua capacidade de agradar a parlamentares de todos os partidos, o ex-ministro do Turismo Walfrido dos Mares Guia (PTB-MG) transferiu, supostamente de forma irregular, mais de R$ 24 milhões a entidades privadas sem fins lucrativos, igrejas e sindicatos rurais entre 2003 e 2006.

Os 52 convênios firmados pelo Ministério do Turismo nesse período serviram, principalmente, para a construção e a ampliação de sedes e obras físicas das entidades, o que é proibido pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).

Desde 2006 a LDO proíbe a liberação de recursos para que qualquer tipo de ONG construa ou amplie suas dependências, exceto quando se tratar de obra de adequação necessária para instalação de equipamentos comprados pelo mesmo convênio, o que não ocorreu em nenhum desses casos. As LDOs de 2003 a 2005 permitiam apenas a ampliação dos prédios.

A proibição está baseada no princípio de que a parceria entre a União, as ONGs e as chamadas Oscips (Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público) deve ficar restrita a ações de interesse mútuo e não pode se destinar a aumentar o patrimônio privado dessas entidades (entenda o que diz a LDO).

Do total de 13 sindicatos rurais beneficiados, 12 são de Minas Gerais, base eleitoral do ministro e de seus principais correligionários do PTB mineiro. Além disso, segundo a Lei 9.790/99, que criou esse tipo de entidade, sindicatos e igrejas incluídos na lista de liberações de Walfrido não podem ser considerados Oscips.




Fonte: Agência Estado, 22/11

O ministro de Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, articulador político do governo, já tomou a decisão de deixar o cargo, informaram hoje fontes do Palácio do Planalto.
A carta do ministro comunicando sua decisão ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva será entregue no final do dia, segundo as mesmas fontes.
Mares Guia está ainda elaborando a carta, em reunião com assessores, no Palácio do Planalto. A decisão dele de renunciar ao cargo se deve à inclusão de seu nome na lista de denunciados pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, por suposto envolvimento no chamado "mensalão tucano", em Minas Gerais. Mares Guia é filiado ao PTB

2. Eduardo Sanovics foi presidente da EMBRATUR e responde as seguintes dúvidas a Controladoria-Geral da União:

FONTE: www.ucho.info
Turma do contra
Depois de levar uma séria de bolas pretas do Itamaraty e todo o seu staff, os Escritórios Brasileiros de Turismo, cuja instalação foi vetada pela diplomacia brasileira, serão transferidos para o Banco do Brasil, ficando sob a responsabilidade do departamento de promoção comercial no exterior. O remendo operacional servirá para manter em pé o projeto do presidente da Embratur, Eduardo Sanovicz, que, de acordo com os mais próximos, não gosta de ser contrariado. E mais: mesmo tendo garantido que não está por trás da degola da jornalista Rita Maria Pereira, uma das mais respeitadas profissionais na área do turismo, sua demissão do Brasília Visitors & Convention Bureau é uma questão de honra, além de estar elegantemente impedida de atuar em qualquer órgão da imprensa especializada em turismo. Ou seja, não é apenas Sanovicz que não pode ser contrariado.

CGU vê alternativas para os escritórios da Embratur no exterior
A Controladoria - Geral da União (CGU) confirma que a auditoria feita na Embratur constatou irregularidades e impropriedades, dentre elas aquelas relacionadas com a forma escolhida para montar os escritórios da empresa no exterior, que foram feitas sem licitação e o pessoal foi selecionado sem concurso. Embora compreenda as dificuldades enfrentadas pela empresa para montar a estrutura necessária observando as exigências legais, que são mesmo rigorosas, o sub-controlador-geral da União, Jorge Hage, insiste em que a Embratur precisa, urgentemente, enquadrar-se no figurino legal, conforme foi recomendado pela CGU no relatório de auditoria apresentado no final de agosto.
Para Jorge Hage, existem várias alternativas todas elas legais, que podem ser escolhidas pela empresa e pelo Ministério do Turismo, e é claro que a empresa levará em conta também para essa escolha o critério da economicidade e eficiência. Ressalte-se que, segundo a Embratur, o modelo atual vem rendendo bons resultados do ponto de vista econômico para o País. Ocorre que se tratando da Administração Pública, o critério da economicidade não pode ser o único, eis que a Constituição Federal impõe, em primeiro lugar, a observância da legalidade. Como alternativas, o sub-controlador aponta, em primeiro lugar, a utilização da estrutura das embaixadas brasileiras no exterior, por meio de uma articulação com o Ministério das Relações Exteriores. Uma segunda alternativa seria a criação oficial desses escritórios no exterior na própria estrutura regimental da Embratur, o que exigiria a criação de cargos de chefia e direção. A terceira seria a forma de convênio com entidades privadas do setor, semelhante ao modelo adotado hoje, porém com uma grande diferença: a celebração do convênio ou contrato teria que ser precedida de licitação internacional; além disso, deveriam ser observados critérios impessoais e transparentes para a seleção das pessoas para a fixação de sua remuneração. Por último, Hage aponta, ainda, um outro formato que seria a contratação direta de empresas privadas no exterior, também mediante licitação, pagando-lhes por serviços prestados, mas aí sem qualquer interferência na indicação das pessoas, nem nos níveis de remuneração, porque se pagaria pelo produto, observa Jorge Hage.
O sub-controlador afirmou que a CGU aguarda as providências da Embratur, que deverá se posicionar não apenas quanto à reformulação do modelo adotado para os escritórios, como, também, sobre as demais providências recomendadas no relatório da auditoria, inclusive com a instauração de sindicâncias para a apuração de responsabilidades, nos casos ali apontados.
Assessoria de Imprensa da Controladoria-Geral da União
3. O ex-diretor da EMBRATUR, senhor Emerson Palmieri, tem muito a explicar:

A Polícia Federal iniciou nesta terça-feira operações de busca e apreensão no escritório do ex-tesoureiro do PTB e ex-diretor da Embratur Emerson Palmieri. Ele teria ajudado o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) a guardar os R$ 4 milhões que o deputado diz terem sido doados ao PTB pelo PT durante as eleições municipais de 2004. Até o momento, Jefferson não informou o que fez com a suposta doação, da qual não há registro oficial.
A busca também será realizada em três endereços de Roberto Garcia Salmerón, ex-presidente da Eletronorte. Os dois investigados eram apadrinhados de Jefferson e ocupavam cargos estratégicos no governo federal.
A operação foi pedida pelo Ministério Público Federal.
Época Online, com informações de O Globo
4. Cláudio Gontijo lobista da construtora Mendes Junior intermediou a multiplicação dos recursos financeiros para pagar pensão alimentícia à jornalista Mônica Veloso a pedido do presidente do Congresso Nacional. Foi diretor de Marketing da EMBRATUR em 1992 na gestão de Ronaldo do Monte Rosa.

5. Emerson Palmieri, o homem do dinheiro no PTB, é antigo freqüentador de histórias heterodoxas sobre finanças eleitorais. Paranaense, Palmieri ganhou notoriedade em julho de 2002, quando seu nome apareceu no escândalo do caixa dois da campanha do atual prefeito de Curitiba, o pefelista Cassio Taniguchi. Na época, o jornal Folha de S.Paulo descobriu que, na contabilidade paralela da campanha, Palmieri surgia como beneficiário de 560.000 reais. Nesse período, Palmieri era um dos coordenadores da campanha presidencial de Ciro Gomes. Acabou perdendo o cargo. Foi substituído por Walfrido dos Mares Guia. Os três personagens voltaram a se encontrar sob o governo de Lula. Ciro Gomes virou ministro da Integração Nacional. Mares Guia é ministro do Turismo. Palmieri ganhou o posto de diretor de administração e finanças da Embratur, estatal subordinada a Mares Guia. FONTE: Edição 1872 . 22 de setembro de 2004

6. Zuanazzi quer ser presidente da Embratur
Certo de que será obrigado a renunciar à presidência da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o petista Milton Zuanazzi começou um lobby intenso junto ao governo para ganhar outro cargo de destaque. Nos bastidores, Zuanazzi tem trabalhado para ser indicado para a presidência do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), noticia o diário Tribuna da Imprensa.
Para reivindicar o cargo, Zuanazzi argumenta com seus colegas de partido que tem vasta experiência no setor. Durante o primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, antes de assumir a diretoria geral da Anac, o petista foi secretário nacional de políticas do turismo.
Ligado à ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, Zuanazzi tem afirmado publicamente que não irá renunciar ao cargo. Correligionários do petista garantem, no entanto, que esse comportamento não passa de estratégia para se cacifar e ser indicado para um novo cargo no governo.
A decisão de tirar Zuanazzi da Anac já está tomada. Ele será, porém, o último a deixar a Agência. Antes, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, vai nomear os dois novos diretores nas vagas abertas com a renúncia de Denise Abreu e Jorge Veloso. Depois serão substituídos dois outros diretores - Leur Lomanto e Joseph Barat. Por último, sairá Zuanazzi.
Fonte: cabeira.com
Todos esses personagens passaram pela EMBRATUR ou Ministério de Turismo, na verdade usou do turismo como instrumento político para atender a acordos de base de sustentação política do Estado e satisfazer os desejos de apadrinhados políticos
Por isso, a EMBRATUR e o Ministério de turismo, possui uma fragilidade de essencialidade no entendimento desse fenômeno no que concerne a mudar o enfoque hegemônico da Política Nacional de Turismo, de receptivo para turismo interno. O leitor se tiver paciência pode ler os Planos Nacionais de Turismo de 2003 a 2007 e 2007 a 2003, verificará que a mudança de um para outro, é superficial, pois o enfoque continua para o turismo receptivo.
Infelizmente, os órgãos federais que atuam no turismo são desrespeitados no que se refere ao seu quadro funcional, pois uma parte é reservada para conchavos políticos, que acabaram internalizando grupos que mantêm e disputam o comando dentro da EMBRATUR e do Ministério. E que ainda são comandados de fora para dentro.
Cara ministra Marta Suplicy, sabendo de sua atuação política ética e a forma assertiva em administrar o “bem publico”, aconselho a estar atenta aos “amigos da onça” instalados nas estruturas de sua área de atuação. Não se deixe levar pelo marketing do ministério e atue mais livremente naquilo que traduz sua sensibilidades pelas classes populares.

Anônimo disse...

POR QUÊ DEVEMOS APOIAR A NOVA DIRETORIA DA ABBTUR NACIONAL?

João dos Santos Filho

1. Pelas pessoas que compõem a diretoria; a professora universitária, Turismóloga e Arquiteta/urbanista Tânia Omena eleita para a Presidência da Associação Brasileira de Bacharéis em Turismo (ABBTUR Nacional) no dia 21 de outubro de 2007. Uma das maiores batalhadoras pela luta da Regulamentação Profissional do turismólogo. Atuante na academia e na associação pela valorização do turismólogo no campo profissional e sindical;

2. A vice-presidente é a turismóloga Rosana Lima e três Vice-Presidentes Regionais: Turº. Carlos Alberto Tomelin (Sul), Turº. Ferdinando Lucena (Nordeste) e o Turº. Gustavo Starling (Sudeste). As ações nas regiões Norte e Centro-Oeste serão coordenadas pelas turismólogas Socorro Abreu (CE) e Mariana Aldrigui (SP). Todos excelentes profissionais, no campo acadêmico, coordenadores de revista On-line sobre turismo; escritores, coordenadores de cursos de turismo. Uma equipe que tem tudo para dar certo na luta pela nossa regulamentação e na produção acadêmica para fortalecer o turismo como ciência;

3. Acreditamos que nova diretoria, saberá reavaliar o programa Empreendetur propondo uma discussão pública nacional, pois é uma atividade que atua privadamente com a coisa pública e compromete a ABBTUR como entidade idônea. (ler o texto: Empreendetur e a lógica do empresariamento da máquina estatal: usos e abusos do “bem público”. Na revista on-line www.espacoacademico.com.br);

4. Desenvolver por todo Brasil o debate sobre a regulamentação profissional do turismólogo, sugerindo aos coordenadores de cursos e presidentes da ABBTUR regionais que incluam em suas “semanas de turismo” a temática com debates aberto aos profissionais;

5. Desenvolver um processo político/pedagógico de esclarecimento junto ao Ministério do Trabalho sobre a importância política, social e econômica da regulamentação profissional do turismólogo;

6. Desenvolver junto ao Ministério do Turismo e principalmente na EMBRATUR na Gerência de Projetos de Segmentação um trabalho de sensibilização sobre a importância da regulamentação;

7. Estimular debates acadêmicos sobre as diferentes epistemologias que explicam o fenômeno turístico;

8. Repensar com seriedade os destinos do CEBTUR, enquanto encontro de turismólogos que foi desvirtuado de sua essência de criação;

9. Desenvolver estudos sobre a Política Nacional de Turismo, colaborando com o Ministério do Turismo, mostrando seus erros e acertos;

10. Criar uma câmara de apoio aos cursos e professores de turismo no que se refere às questões trabalhistas e acadêmicas.

Na expectativa de poder vir a colaborar com essa diretoria, no que concerne a luta pela regulamentação, e na certeza que esse desejo atende os interesses de todo turismólogo, consciente, critico e politizado em seus direitos como cidadão. Solicitamos a essa nova diretoria que chegue junto às centenas de turismólogos, e faça de sua ação uma luta constante pela categoria.
Na certeza , mais do que nunca, a ABBTUR hoje recupera suas verdadeiras funções e traz dignidade para o estudante de turismo e para o turismólogo. Parabéns.

Anônimo disse...

“POLÍTICA NACIONAL DE TURISMO” DA (A)DEUS AO TURISTA BRASILEIRO: TURISMO SÓ PARA O ESTRANGEIRO

João dos Santos Filho

A ideologia do turismo, ao reservar à periferia em geral e ao Brasil em particular a função de servirem de “colônia de férias” dos habitantes dos países centrais, acaba reforçando a máxima da disponibilidade colonial: de que existimos para satisfazer as necessidades metropolitanas, agora como “museus vivos”, serviçais, paisagens maravilhosas e fontes de prazer sexual.


Desde o início das minhas pesquisas e estudos sobre o fenômeno do turismo venho escrevendo artigos científicos que apontam para o entendimento de que as políticas públicas neste setor mudam radicalmente de direção a partir do golpe militar de 1964, pois o “Estado do bem estar social” que começou a ser montado em 1930, começa a ser desmontado pelo interesse do capital internacional, sinalizando uma intencionalidade clara na defesa inconteste do turismo receptivo.
A lógica do Estado brasileiro em privilegiar o turista estrangeiro decorre de fatores de ordem econômica e pragmática que entende ser o turismo um campo fértil e relativamente virgem para a ampliação e reprodução do capital. Esse fenômeno é visto como uma indústria capaz de potencializar o desenvolvimento econômico de qualquer localidade, estado ou nação.
No Brasil o Estado na perceptiva de promover o desenvolvimento econômico, político e social acaba adquirindo como característica o apelo ufanista na tentativa de combater a dominação estrangeira presente em todos os setores da sociedade e populista, pois necessita obter apoio das classes trabalhadoras para implantar o processo de modernização e industrialização.
O marco desse período é o governo de 1930 que deu as bases para um Brasil industrial, nacionalista e de forte apoio à classe trabalhadora apesar de seu corte de ditadura fascista, soube capitalizar a criação de um Estado autoritário paternalista desenvolvendo políticas públicas voltadas ao atendimento das necessidades dos trabalhadores com profundo apoio popular, segundo o historiador Boris Fausto, afirma:

Um novo tipo de Estado nasceu após 1930, distinguindo-se do Estado oligárquico não apenas pela centralização e pelo maior grau de autonomia como também por outros elementos. Devemos acentuar pelo menos três dentre eles: 1. a atuação econômica, voltada gradativamente para os objetivos de promover a industrialização; 2. a atuação social, tendente a dar algum tipo de proteção aos trabalhadores urbanos, incorporando-os, a seguir, a uma aliança de classes promovida pelo poder estatal: 3. o papel central atribuído às forças Armadas – em especial o Exército – como suporte da criação de uma indústria de base e, sobretudo como fator de garantia da ordem interna.


Com total apoio das classes trabalhadoras o governo de Getúlio Vargas inaugura o período populista na política brasileira baseado na formatação de alianças entre capital e trabalho pelo Estado, demonstrando certa oposição e denúncia (carta testamento) para com os interesses plenos do capital internacional. Esse processo permanece até antes do golpe militar de 1964 que tinha por objetivo frear o avanço das classes populares e preparar um dos muitos ciclos para uma nova forma de ampliação da mais valia.
Apesar da luta nacionalista ganhar espaços na política brasileira, como também, em todos os setores; nas artes, na literatura, na escultura, na pintura no cinema e principalmente na política como oposição ao estrangeirismo e ao domínio ideológico dos Estados Unidos. A pressão ideológica naquele momento colocada pelo mundo é o estilo da american way of life que se torna modelo do sucesso da vida ocidental.
As características do governo getulista contribuíram para o desenvolvimento de um Estado preocupado com o lazer e turismo da população trabalhadora, podemos assim descrever:
• Apoio da igreja católica ao Estado “revolucionário”, como exemplo marcante foi à inauguração da estátua do Cristo Redentor no Corcovado em 12 de outubro de 1931, que deu a cidade do Rio de Janeiro um ícone universal da hospitalidade e símbolo do catolicismo. É nesse mesmo ano que a igreja conseguiu introduzir o ensino da religião nas escolas públicas;
• Centralização do poder político do Executivo e Legislativo nas mãos do chefe da nação, nomeando interventores para cargos de governadores e prefeitos e dando ênfase para a relação política assistencialista de pai para filho. Por isso a quase inexistência de concurso para serviço público, característica da política clientelista;
• Centralização econômica com a criação do Conselho Nacional do Café – CNC com controle direto dos produtores de café;
• A criação de uma política trabalhista em que o Estado assumia o controle direto da classe trabalhadora, com o surgimento do Ministério do trabalho, Indústria e Comércio e o incentivo para a criação de sindicatos;
• Com a criação em dezembro de 1939 do Departamento de Imprensa e Propaganda - DIP, responsável por todos os serviços de propaganda dos ministérios e do governo no Brasil e exterior. Dentre eles as homenagens ao presidente, formatada por meio da imagem do grande pai, eram um instrumento de promoção pessoal, de sua família, e de outros políticos. O DIP tornou-se o órgão coercitivo que controlava a liberdade de pensamento e expressão durante o Estado Novo e o porta-voz autorizado do regime, centralizava e coordenava a propaganda do governo e era também um serviço de informações e censura. Apoiava a produção de filmes educativos e colaborava com a imprensa estrangeira para evitar que entrassem informações nocivas ao país, como também, decidia qual a imagem que podia ser levada ao exterior organizava festas e manifestações patrióticas em cuja imagem e o jargão simulado eram de Vargas “Pai dos Pobres” o que ajudou a consolidar em pouco tempo o poder do ditador.
• Por interferência direta de Alzira Vargas e do ator Procópio Ferreira o Estado getulista cria a Divisão de Turismo que surge atrelada ao DIP, com o objetivo de cristalizar ainda mais a imagem do presidente.

Em 1964 o golpe militar foi efetivado segundo os seus precursores, para impedir o avanço dos comunistas e acabar com a corrupção no Brasil, pelo menos essa é a fala dos generais e velhos políticos. O grande inimigo do povo brasileiro eram as ideologias estranhas aos princípios cristãos que o capelão americano, padre Patrick Peyton se encarregava junto ao governador Adhemar de Barros de organizar as marchas da família com Deus pela Liberdade.
Os pronunciamentos de Adhemar após o golpe de 1964 são claros e apaixonantes na saga contra os comunistas:

A grande conquista, obtida nessa primeira fase da luta, é a da libertação nacional do jugo bolchevista. Estatísticas que fizemos nos últimos tempos revelam que o Partido Comunista cresceu exageradamente. Através dos esforços de 2400 a 2500 agentes vindos da China continetal, da Rússia, de Cuba e de tôda a América Latina, a massa comunizada ampliou-se enormente. Mas a bandeira brasileira continuará a ser auriverde e a cruz não será substituída pela foice e o martelo.

Com a censura dos meios de comunicação e a campanha aberta e direta contra o comunismo, o Estado militar de 1964 faz planos economicos que favoreceram as multinacionais, elege prioridades no campo da educação por meio de acordos com as agencias de ensino norteamericanas. E entende o turismo como prioridade nacional, colocando que “Coube a Joaquim Xavier da Silveira o privilégio de colaborar com a Revolução na tarefa de promover a integração nacional que é uma das resultantes de um programa de desenvolvimento do turismo [...]. ( DA SILVEIRA. Turismo Prioridade Nacional. s/d, p. 10 ).
Os militares criam a EMBRATUR e usam-na para encobrir a repressão, a tortura, o seqüestro das Forças Armadas junto à população civil. Desenvolvem um ufanismo cívico moralista e fazem desta a ideologia carro chefe para salvar o Brasil do comunismo e adotarmos a vida pró-americana e “democrática” cristã.
Tanto na década de 1930 como em 1964 o Estado usou do turismo para encobrir os atos de repressão à sociedade, tanto Getúlio e os governos militares posteriores utilizaram do turismo como escudo para que seus interesses de imagem fossem maquiados pelo “paraíso tropical. Se 1930 foi para firmar a imagem de Getúlio como pai dos pobres e dos trabalhadores, em 1964 os militares usaram para divulgar o exotismo do carnaval e da terra dos prazeres tropical.
Com isso, podemos entender duas questões separadamente; a primeira porque a maioria das feiras internacionais que o Brasil participou o empresariado brasileiro teve um avanço extraordinário em suas vendas e aceitação dos seus produtos no exterior? Pela capacidade de setores que souberam modernizar seus produtos para enfrentar o mercado internacional. A segunda que deve ser percebida separadamente da primeira, a publicidade sobre o Brasil feita pela EMBRATUR de 1966 até 1996 nessas feiras foi uma verdadeira tragédia; o estimulo acentuado a mulheres nuas com o tratamento de país erótico em que a pobreza obriga mulheres a se prostituir como opção de empregabilidade.
Tudo isso se configura como tragédia que hoje, apesar da campanha contra o turismo sexual pode ser percebido no interior dos aeroportos brasileiros, quando da chegada de vôos charters procedentes do exterior para o nordeste brasileiro. É somente, permanecerem alguns minutos no saguão dos aeroportos e pronto, pessoas inescrupulosos verdadeiros bandidos fazendo o papel de contato com os estrangeiros para agenciar garotas. Bem como a autorização do uso indiscriminado da Marca Brasil que algumas vezes aparece dando suporte a publicações de divulgação de apelo sexual.