terça-feira, 13 de novembro de 2007

Sarkozy enfrenta nova greve geral



Paralisação nos transportes pode durar vários dias. Estudantes se mobilizam

Deborah Berlinck

PARIS. Um novembro difícil para o presidente Nicolas Sarkozy.
Seis meses depois de ser eleito, prometendo romper com um modelo francês ainda bastante dependente do Estado, o presidente enfrenta uma nova greve geral a partir de hoje à noite. Desta vez, os sindicatos estão se mobilizando para o pior: uma paralisação do país por vários dias.
A lua-de-mel com a nova Presidência, portanto, acabou. Ontem mesmo, estudantes iniciaram um movimento de protesto nas universidades contra a chamada lei Pécresse — aprovada no último verão e que preconiza a autonomia das universidades.
Treze das 85 universidades do país foram bloqueadas parcialmente ou totalmente por estudantes.
A autonomia das universidades é uma das reformas propostas pelo governo de Nicolas Sarkozy. Mas estudantes temem que isso leve a uma retirada financeira por parte do Estado francês.
Universitários divididos sobre bloqueio Algumas universidades francesas estão bloqueadas desde a semana passada, como Paris XNanterre (Ciências Humanas) e Nantes (Letras e Ciências Humanas).

Ontem, cursos foram suspensos nas cidades de Perpignan e Tours. A faculdade de Letras e Ciências Humanas de Aix-Marseille foi fechada. E houve confusão entre estudantes e policiais no campus da universidade de Nanterre.
Alguns estudantes querem ocupar estações de trem, em protesto. Outros querem se unir à greve e às manifestações da rede de transportes. Mais de 50 assembléias de estudantes estão programadas para esta semana.

Os estudantes não estão unidos

Os que são hostis ao bloqueio das universidades também decidiram se mobilizar. Em Nanterre, a manutenção do bloqueio da universidade, que começou semana passada, foi aprovada por um fio. A União dos Estudantes da França anunciou ontem que não está de acordo com os apelos para que bloqueiem estações de trem a partir de hoje. Até o secretáriogeral da CGT-Transportes alertou os estudantes que esta não é uma boa idéia, por causa do risco de confronto com policiais.

Já a greve geral nos transportes, que começa hoje à noite, é contra a reforma do regime de Previdência. Sarkozy quer acabar agora com os chamados regimes especiais, que permitem que certas categorias de funcionários públicos se aposentem mais cedo. E no ano que vem, o governo planeja reformar totalmente o sistema.

— Vamos buscar o diálogo.
Mas vamos fazer as reformas porque precisam ser feitas — disse Sarkozy.
Esta é a segunda greve em um mês dos setores ferroviário, de transporte público, de eletricidade e de gás.
— O que colocaram sobre a mesa está longe de ser suficiente — disse Bernard Thibault, do sindicato ferroviário CGT.

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