terça-feira, 13 de novembro de 2007

Para 'FT', descoberta pode mudar o papel do Brasil


Em jogo, metas como assento na ONU e ingresso no G-8

Fernando Duarte - O Globo

LONDRES e NOVA YORK. O jornal britânico “Financial Times” publicou ontem uma reportagem em que classifica a descoberta da área de Tupi, na Bacia de Santos, como um potencial instrumento de transformação do papel do Brasil em termos geopolíticos. Embora a reportagem classifique de excesso de euforia a afirmação da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, de que o país poderá chegar ao nível de gigantes produtores, como Arábia Saudita e Venezuela, o “FT” vê no óleo de Tupi uma injeção de ânimo para objetivos do Brasil, como o assento permanente no Conselho de Segurança da ONU e mesmo a entrada no G-8, o grupo das nações mais desenvolvidas.
Na reportagem, o jornal relata as projeções de que Tupi teria reservas de cinco a oito bilhões de barris de petróleo e as compara às da Noruega, que em 2006 estavam na casa de 8,5 bilhões de barris. o “FT” não deixou de mencionar as dificuldades operacionais no campo, localizado sob uma imensa camada de pré-sal.
No sábado, ao mencionar a descoberta do campo, outro jornal britânico, o “Guardian”, adotou um tom mais pessimista, ao dizer que o petróleo de Tupi não terá efeitos imediatos na crise energética provocada pela nacionalização das reservas de gás bolivianas. O jornal também lembrou que não haverá alívio imediato para o mercado internacional diante da previsão de que a extração em Tupi só deverá atingir escala máxima em cinco anos.

Na sexta-feira, a BBC enveredou para o lado da hegemonia continental ao mencionar a possibilidade de o aumento nas reservas transformar o Brasil numa alternativa mais agradável para os americanos que a Venezuela — Hugo Chávez é um crítico voraz de Washington.
No mesmo dia, o americano “Wall Street Journal” destacou o fato, afirmando que “indica o potencial das descobertas em águas profundas em um período de preocupações sobre o abastecimento”.
A reportagem também destaca o papel dos governos na questão energética, ao citar a exclusão de 41 blocos da próxima licitação da Agência Nacional do Petróleo (ANP), por causa da descoberta.
Jornais argentinos também publicaram a notícia. Segundo o “La Nación”, apesar do entusiasmo, os especialistas reconhecem a dificuldade econômica e tecnológica na extração do petróleo. Já para o “Clarín”, as reservas produzirão uma “importante mudança para toda a região”. De acordo com a reportagem, a descoberta “mudou o conteúdo dos sonhos brasileiros”.

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