Câmbio e Crescimento: Lições para o Brasil das Experiências Internacionais
da Carta do IEDI (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial)
Quando os economistas questionam o câmbio no Brasil não estão propriamente sendo contrários à valorização do Real. Existem fatores justificáveis para a valorização de uma moeda, como modificação da produtividade ou dos termos de troca e o reposicionamento do país no contexto financeiro e de risco internacional.
Mas podem ocorrer também fortes pressões para a valorização devido a fatores “não-justificados”, como vem ocorrendo no Brasil por causa do atraso com que os juros internos estão caindo, o que, em um contexto de alta liquidez internacional e forte redução do risco país, vem provocando uma aguda rebaixa da taxa de juros “externa” referente ao país.
Operações de arbitragem em mercados à vista e futuros tratam de traduzir o descompasso entre as taxas de juros “internas” e “externas” em uma nociva sobrevalorização do Real.
Portanto, não é procedente o argumento com que usualmente se procura rebater as críticas ao câmbio no Brasil sob a alegação que os críticos não admitem a valorização da moeda. Admitem, sim, se esses fatores estão referidos ao aumento da competitividade da economia e à remoção de fragilidades flagrantes. Nesse último caso, é um exemplo, a remoção da vulnerabilidade externa que acompanhou a economia brasileira entre meados dos 90 e meados da presente década.
O ponto dos que defendem um câmbio menos valorizado não está aí. Seu foco são políticas que redundam em sobrevalorização prejudicial à competitividade e ao crescimento sustentado. Dado o contexto internacional já referido, além do fato de que fortíssimos concorrentes dos produtos produzidos no Brasil mantém suas moedas artificialmente subvalorizadas, a lentidão com que as taxas de juros vêm caindo é uma causa destacada da sobrevalorização prejudicial.
Essa causa precisa ser removida e pode vir a sê-lo, aplicando-se uma política monetária mais consistente.
Outros argumentos contrários à mudança na política de juros e no ajuste do câmbio, querem fazer crer que a redução de juros e um câmbio menos sobrevalorizado não bastam como estratégia de promoção do crescimento econômico. Não há porque ser contrário a essa assertiva. Vários estudos do IEDI, por exemplo, advogam ações de maior envergadura em diversas outras áreas, como educação e tecnologia, para citarmos apenas duas delas. O que não é correto é deduzir que juros e câmbio posicionados corretamente são prescindíveis para a promoção do crescimento.
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