quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Em 2000 um terceiro mandato era constitucional, hoje é blasfêmia imoral

Graças ao jornal Folha de São Paulo de hoje, acabamos descobrindo que um golpe de Estado foi tramado em 2000. Não consta oposição, na época, de nenhum Ministro do STF. Ninguém falou em blasfêmia e chavismo. A mídia não pós a boca no trombone. Porem, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara de Deputados tinha aprovado, no ano 2000, um parecer favorável a um terceiro mandato para o Presidente da República.

Não foi uma artimanha do PT, nem da base aliada do governo Lula. O Presidente em 2000 era Fernando Henrique Cardoso. Ele já tinha, digamos com casuísmo, mudado a constituição para se reeleger em 1998 e a CCJ considerava perfeitamente valido um eventual terceiro mandato.

A CCJ era presidida pelo Deputado Osmar Serraglio, o mesmo que presidiu a CPI dos Correios. Nenhum dos parlamentares do PFL (hoje DEM), nem do PSDB, manifestou qualquer reparo ou objeção. Segundo informa a Folha a CCJ é "Composta por parlamentares com formação em Direito e dirigentes partidários, a comissão é considerada trincheira na Casa e dificilmente o governo conseguiria aprovar novamente o texto hoje. O relator na comissão, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), considerou, na época, a proposta constitucional. O texto foi aprovado em votação simbólica; apenas o então deputado Bispo Rodrigues (RJ) foi contra."

Os jornais nada alertaram, o Estadão não fez nenhum editorial sobre o conteúdo liberticida da emenda aprovada. Nem Dora Kramer, Merval Pereira ou Diogo Mainardi.

É verdade, a situação era diferente em 2000 e por dois motivos. Um, o presidente era FHC e não Lula. O segundo motivo se desprende do primeiro: ninguém teria votado para reeleger Fernando Henrique para um terceiro mandato.

Deixando de lado a boutade, perceberam quanto cinismo sai da boca dos opositores ao governo Lula e se espalha na mídia?

Luis Favre

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