quarta-feira, 23 de maio de 2007

Em defesa da Universidade de São Paulo


ANTONIO CARLOS ROBERT MORAES *

Estudantes da USP em assembléia na noite de ontem, à qual compareceram cerca de 2.000 alunos


ESPECIAL PARA A FOLHA



Quando o atual governo do Estado de São Paulo decidiu promulgar um decreto alterando a estrutura das universidades públicas estaduais, gerou a possibilidade da crise que agora vivenciamos. Tal medida não constava do programa de governo apresentado pelo candidato a governador, nem foi levantada em sua campanha eleitoral. Por isso surpreendeu a comunidade uspiana, inclusive aqueles que nele votaram.



Para utilizar uma expressão popular, foi uma medida "tirada do bolso do colete", incidindo em uma área da administração pública estadual que, comparativamente, não apresentava grandes problemas. Ao contrário, a USP permanecia com a sua produção acadêmica de qualidade e estava expandindo vagas. Cabe assinalar que, para uma proposta que visava "aprimorar" o sistema universitário paulista, a medida continha grandes lacunas e imprecisões, como ficou bem demonstrado nas alterações posteriormente realizadas pelo próprio governo estadual, e nas dúvidas que persistem sobre suas atribuições até o momento.



Em face ao quadro descrito, e dada a omissão dos dirigentes da USP que não se manifestaram quando da publicação do decreto, instalou-se um clima de insatisfação na comunidade uspiana. Tal terreno possibilita atitudes radicais e mesmo impróprias, como a invasão do prédio da reitoria por um grupo minoritário, que se manifestou como "vanguarda" política no processo.



Sem dúvida, essa ação desencadeou o debate que agora se trava, porém a atual situação de impasse, que persiste, é altamente lesiva à instituição. As atividades-fim de ensino, pesquisa e extensão são prejudicadas, e municia-se os interesses contrários à universidade pública com argumentos falaciosos, que passam à sociedade uma visão distorcida da vida universitária.



Órgãos de imprensa inescrupulosos fartam-se nessa situação, apresentando os docentes como uma corporação privilegiada e os alunos como rebeldes irresponsáveis. Leia mais aqui (para assinantes).



* ANTONIO CARLOS ROBERT MORAES é professor-titular do Departamento de Geografia da FFLCH, foi secretário da Adusp e representante dos professores-assistentes e dos professores-doutores no Conselho Universitário da USP

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá,

sou editora do Jornal de Debates ( www.jornaldedebates.com.br ) um jornal colaborativo na internet que periodicamente propõe debates sobre assuntos da atualidade. Essa semana um dos temas é sobre a ocupação da reitoria da USP: "Invasão da reitoria da USP: movimento estudantil ressurge?".
Encontrei no seu blog um post sobre o assunto ( http://leituras-favre.blogspot.com/2007/05/em-defesa-da-universidade-de-so-paulo.html ), e gostaria de convidá-lo a escrever um artigo para nós, ou mesmo permitir que publiquemos seu post no nosso site.

Qualquer dúvida, por favor entre em contato.

Grata
Gabriela Nardy
gabriela@jornaldedebates.com.br
Editora - Jornal de Debates